Terceiro maior felino do mundo e maior predador do Brasil, a onça-pintada é a rainha das nossas florestas. Mas, infelizmente, seus dias de realeza podem estar contados: ela está cada vez mais ameaçada e pode desaparecer para sempre da Mata Atlântica. Por sorte, porém, existem pesquisadores dispostos a enfrentar uma corrida contra o tempo para salvá-la.
Beatriz de Mello Beisiegel, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, explica que as duas maiores ameaças à sobrevivência da onça-pintada são a caça e a destruição dos ambientes naturais onde ela vive.
“A onça é um animal muito caçado, por esporte, por medo ou mesmo como forma de ganhar honra, já que em muitas culturas matar uma onça é sinônimo de força”, explica. “A caça das presas das onças, como porcos-do-mato e veados, também é enorme e diminui sua fonte de alimento. Para piorar, existem poucas áreas grandes o suficiente para preservar esses animais”.
O fim definitivo do felino poderia causar uma verdadeira confusão: sem as onças, as populações dos animais que antes eram suas presas tenderia a aumentar. Como suas presas são herbívoras, ou seja, se alimentam de plantas, isso pode desequilibrar ainda mais a mata. “Toda a ecologia da floresta pode mudar. Os muitos herbívoros irão exigir mais da vegetação. Como ficaria a floresta daqui a 500 anos?”, questiona Beatriz.
Segundo a pesquisadora, são três as linhas de ação principais para salvar as onças. “Temos procurado atuar no controle da caça, no aumento das áreas de preservação das onças e também no estímulo a novos estudos sobre esse animal, pois quanto mais o conhecermos, melhor será possível protegê-lo”, garante.
Outra fera em risco
A vida não está fácil para a família real da floresta. Na África, outro grande felino também corre risco de extinção: o leão. Philipp Henschel, coordenador de pesquisa do Programa de Sobrevivência do Leão, encontrou leões em apenas quatro das 21 áreas de preservação existentes no oeste do continente. Assim como a onça-pintada, seu desaparecimento pode afetar todo o ecossistema local. “Temos de agir rápido para salvar os leões. Vamos ajudar financeiramente os países para que protejam os leões e suas presas e para que preservem mais áreas em que esses animais ainda existem”, explica.