Dançarinas do mar

Apesar de o nosso planeta se chamar Terra, a maior parte dele é coberta pelas águas dos oceanos. Essa imensidão azul abriga milhares de espécies conhecidas pelos cientistas – e acredita-se que ainda existam mais de dois milhões a serem descobertas.

Alguns dos habitantes mais interessantes do fundo do mar são as lesmas-marinhas, que nos intrigam com suas exuberantes formas e cores.

A maioria das lesmas-marinhas atinge apenas alguns milímetros ou poucos centímetros de comprimento. Mas há espécies maiores, que podem chegar a mais de 40 centímetros, como é o caso daquelas conhecidas como dançarinas-espanholas.

O corpo das dançarinas-espanholas possui algumas toxinas que são obtidas a partir das esponjas-marinhas das quais se alimentam. Essas toxinas também estão presentes em seus ovos, e garantem proteção contra predadores (Foto: Raymond G. / Creative Commons)

Duas espécies de dançarinas-espanholas são reconhecidas atualmente: Hexabranchus sanguineus, que vive no Mar Vermelho e na região tropical do Oceano Índico e do Oceano Pacífico, e Hexabranchus morsomus, que habita os mares do Caribe.

Dançarinas-espanholas com o corpo todo vermelho são típicas do Mar Vermelho, entre a África e a Ásia. Já nas águas tropicais dos oceanos Índico e Pacífico, são registrados indivíduos com incríveis variações de coloração (Fotos: Doug Anderson e Thierry Cailleux / Creative Commons)

Se você é atento, já notou um detalhe: nenhuma dessas espécies ocorre no litoral da Espanha. Então por que são chamadas de dançarinas-espanholas?

É uma questão, digamos, de estilo. Quando as dançarinas-espanholas nadam, seu corpo se mexe de tal forma que lembra os movimentos do vestido de uma dançarina de flamenco, dança típica da Espanha. Foi assim que essas lesmas ganharam seu nome comum!

Já o nome científico tem outra história. Hexabranchus significa “seis brânquias” em grego e faz referência ao número de brânquias que esses animais possuem.

A espécie Hexabranchus sanguineus foi batizada em 1828, com base em dois exemplares coletados no Mar Vermelho, cujo corpo tinha forte cor avermelhada. Por este motivo, foi-lhe dado o nome específico sanguineus, que em latim quer dizer “de sangue”. Porém, hoje se sabe que, ao longo de toda sua ampla área de ocorrência, esta espécie pode apresentar variações na coloração, havendo exemplares com manchas brancas e até mesmo amarelos.

Por sua vez, o nome específico da dançarina-espanhola-do-Caribe,Hexabranchus  morsomus, não faz nenhuma referência a cores. A palavra morsomus é uma homenagem a pesquisadores da Dinamarca que estudaram lesmas-marinhas no Caribe, e tem origem na palavra dinamarquesa morsom, que significa “engraçado”, “divertido”.

Engraçadas ou não, uma coisa é fato: as dançarinas-espanholas trazem mais beleza aos nossos oceanos! Se você ainda tem dúvidas, assista ao vídeo abaixo, em que uma dessas bailarinas marinhas dá um show:

 

O flamenco é uma dança típica da Espanha, originada no século 18. Veja como as dançarinas-espanholas lembram um vestido de flamenco em movimento (Foto: Albuquerque / Creative Commons)

As brânquias das dançarinas-espanholas lembram pequenas árvores, que captam o oxigênio dissolvido na água. (Foto: Divemecressi / Creative Commons)

 


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Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora

Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!