Galito, o passarinho equilibrista

Simpático, ativo, ágil – assim é o galito (Alectrurus tricolor), um pequeno passarinho que habita o cerrado brasileiro e também regiões do Paraguai, da Argentina e da Bolívia. Nos campos abertos, pousa em finos ramos para descansar. É nessas horas que ele mostra uma de suas habilidades mais impressionantes: a de equilibrista! Mesmo com o vento soprando para lá e para cá, o valente galito permanece firme.

No Brasil, o galito habita principalmente as áreas de cerrado, incluindo os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso de Sul, além do Paraná e, muito provavelmente, o Rio Grande do Sul. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

No Brasil, o galito habita principalmente as áreas de cerrado, incluindo os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso de Sul, além do Paraná e, muito provavelmente, o Rio Grande do Sul. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Insetívoro, o galito espreita suas presas – insetos, como moscas, grilos, besouros, abelhas e mariposas, ou aranhas – aguardando o momento exato de atacar. Com bico rápido e certeiro, nhac! Faz a sua refeição e volta, quase sempre, ao mesmo galho, onde aguarda sua próxima vítima. E assim passa boa parte do seu dia…

Há diferenças marcantes entre macho e fêmea desta espécie. As fêmeas são pardas, com asas e cauda escuras e garganta branca. Já os machos possuem coloração preta e branca, com um desenho branco em forma de V no dorso e uma faixa peitoral negra incompleta.

O galito é pequenino: as fêmeas (à esquerda) medem de 12 a 13 centímetros e os machos, até 19 centímetros. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

O galito é pequenino: as fêmeas (à esquerda) medem de 12 a 13 centímetros e os machos, até 19 centímetros. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Mas a principal característica do galito macho é a sua cauda negra em forma de leque. Na época reprodutiva, ela se torna mais avantajada que de costume, o que ajuda o passarinho em sua curiosa dança nupcial. Para cortejar a fêmea, machos fazem um voo de exibição, eriçando acentuadamente a cauda e executando fortes e pausadas batidas de asa.

Depois da conquista, é hora de preparar a chegada dos filhotes. Nessa etapa, a fêmea assume a maior parte das tarefas, como construir o ninho em forma de taça utilizando capim seco. O ninho é construído diretamente no solo, mas escondido em meio às gramíneas altas. É lá que os filhotes passam os primeiros dias de vida e, com quase duas semanas, saem e se escondem na vegetação próxima, sendo alimentados e protegidos pelos pais até que consigam realmente voar.

O galito pertence a uma grande família, a maior entre as aves do mundo ocidental, conhecida como Tyrannidae.  (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

O galito pertence a uma grande família, a maior entre as aves do mundo ocidental, conhecida como Tyrannidae. (foto: Sávio Freire Bruno / Universidade Federal Fluminense)

Infelizmente, a destruição do hábitat natural desse esperto passarinho, em especial por causa da expansão das lavouras e da pecuária, vem ameaçando a espécie. O galito não gosta de áreas alteradas! Sem falar que as atividades desenvolvidas no solo põem em risco os seus ninhos…

Por esses motivos, tem sido raro observar o galito em regiões como o estado de São Paulo. Pode ser, até, que ele desapareça de vez! Precisamos fazer alguma coisa para impedir, não acha?