Mão não é termômetro

Que tal fazer um teste? No banheiro da sua casa, encoste a mão ou pé no chão ou na parede de azulejo e, depois, em uma toalha ou tapete. O azulejo estava mais frio? Tem certeza? Pois saiba que isso não passou de uma peça que seu corpo pregou em você! A parede, o chão, a toalha e o tapete provavelmente estavam na mesma temperatura.

Banheiro

Em um mesmo ambiente, os objetos tendem a ficar na mesma temperatura. Nosso corpo, porém, tem uma temperatura mais ou menos estável, de cerca de 36,5 graus Celsius (Foto: Rick Scully / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

Como explicar, então, a sensação de que o azulejo é mais frio que o tecido? Nós todos possuímos, nas mãos e nos pés – e espalhados por toda a pele que recobre nosso corpo – alguns sensores que nos permitem diferenciar o que é quente e o que é gelado. Porém, esses sensores não permanecem calibrados como um termômetro comum: eles vão se ajustando à temperatura em que estão.

Uma maneira fácil de ver como isso funciona é, depois de lavar as mãos na água em temperatura ambiente, colocar a mão na testa de outra pessoa. Você provavelmente vai senti-la quente, como se ela estivesse com febre. “Nossos sensores térmicos se adaptam à temperatura mais baixa da água da torneira e depois nos enganam, provocando uma sensação errada”, explica o professor de física Dulcidio Braz Jr.

lavando as mãos

Lave as mãos na água à temperatura ambiente e, depois, toque a testa de outra pessoa. Ela parece estar com febre? (Foto: Sarah Gilbert / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

Os objetos tendem a ficar na mesma temperatura quando estão em um mesmo ambiente – a toalha e o azulejo do banheiro, por exemplo –, mas nossa mão pode ter sensações térmicas diferentes quando toca cada um deles. Isso acontece porque o azulejo é um material que tende a “roubar” mais calor da nossa mão do que a toalha. Assim, a sensação de tocar os dois materiais, ainda que eles estejam à mesma temperatura, é diferente.

Embora nossa mão não seja 100% confiável para medir temperaturas, podemos confiar nela em algumas situações de temperaturas extremas. Ao tocarmos algo muito quente – uma panela que acabou de sair do fogo, por exemplo – ou muito gelado – como um bloco de gelo –, logo sentimos um desconforto. Esse é um sinal do nosso corpo para avisar: alô, essa temperatura não é segura! Tire a mão daí!

Pés no chão do banheiro

Quando tocamos um objeto, a tendência é que exista uma troca de calor entre nossas mãos e o objeto tocado – quem está mais quente acaba passando calor para quem está mais frio. Porém, alguns materiais realizam essa troca com mais facilidade. É o caso do chão frio do banheiro, que rapidamente começa a “roubar” calor de nossos pés (Foto: Lírica Aragão / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

Além do tato, a visão é outro sentido que pode dar uma mãozinha na hora de saber a temperatura das coisas. “Na hora de fazer churrasco, por exemplo, basta dar uma olhada no carvão. Se ele ainda está negro, não está tão quente, embora já possa queimar sua pele. Mas, se está emitindo uma luz avermelhada típica, sabemos que está em brasa e, portanto, numa temperatura bem alta”, mostra Dulcidio. Então, nada de colocar as mãos na churrasqueira para saber quando botar seu espetinho de queijo coalho na brasa: basta dar uma olhadinha.