A Lua de olhos puxados

Você já deve ter ouvido falar em mitologia grega, romana, indígena… Pois fique sabendo que também existe a mitologia chinesa. Nela, Chang’e é a deusa da Lua. Está se perguntando aonde essa conversa vai nos levar? Ao espaço! Porque Chang’e também é o nome da missão espacial chinesa, que vem explorando a Lua. Desde a partida da primeira nave, em 2007, muitas novidades foram trazidas do satélite natural que ilumina as noites aqui na Terra. Que tal embarcar na leitura para descobrir o que os chineses estão vendo na Lua?

Ilustração Marcelo Badari

O programa espacial chinês preparou a sua missão de exploração lunar para ocorrer em três fases. A primeira pretendia apenas orbitar nosso satélite natural, ou seja, dar voltas em torno da Lua, observá-la e fazer registros. A nave espacial Chang’e1 entrou na órbita da Lua em 2007, enquanto a Chang’e2 entrou em 2010, fechando a primeira etapa da missão espacial chinesa.

A segunda etapa da missão pretendia pousar e navegar um módulo itinerante, isto é, fazer uma sonda (algo similar a um robô) passear pela Lua. A nave Chang’ e3 foi a primeira a conseguir isso, em 2013, e obteve amostras do solo lunar. A Chang’e4 foi lançada em 2018 e trouxe resultados muito interessantes, porque, com um radar, sua sonda conseguiu investigar o solo lunar até a profundidade de 40 metros, mais de três vezes o observado pela Chang’e3. A análise das amostras revelou uma camada de material granular muito poroso, no meio do qual há blocos rochosos de tamanhos diversos. Para os cientistas, isso indica que a Lua nasceu em sistema solar muito turbulento, colidindo (batendo) com diversos objetos celestes. Com essas colisões muito material se espalhou, abrindo crateras, dando origem ao cenário lunar que conhecemos hoje.

 

Eder Cassola Molina
Departamento de Geofísica
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo