Agosto indígena?!

Mas não era em abril? Sim, o Dia dos Povos Indígenas é 19 de abril. Mas o dia 9 de agosto é outra data que celebra o reconhecimento dos direitos dos povos originários: é o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Que tal saber qual a diferença entre as duas datas e se preparar para as duas comemorações reconhecendo, respeitando e participando das causas indígenas?

Ilustração Mariana Massarani

O Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, foi criado por Getúlio Vargas, presidente do Brasil, em 1948. Inicialmente a data era conhecida como “Dia do Índio”, mas o nome foi revisado e corrigido. Por quê? Bem, porque índio foi um termo usado pelo espanhol Cristóvão Colombo para se referir aos povos que já viviam nas Américas, quando ele aqui aportou, em 1492, acreditando ter chegado às Índias, outras terras. Para os colonizadores, índio era, digamos, um povo único e pouco valorizado. Mas a História revelou que aqueles que os colonizadores desejavam desvalorizar eram (e são!) os povos originários que habitavam e ainda habitam o território que hoje conhecemos como América. Como forma de reconhecer e respeitar as diferentes etnias e culturas, o Brasil passou a adotar o termo indígena para se referir a todos que integram os povos originários. 

Mas o dia 19 de abril não foi escolhido por Getúlio Vargas de forma aleatória. A data é inspirada no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México, em 1940, que reuniu representantes de diversos países das Américas para discutir formas de proteger e valorizar os povos indígenas. Em 1943, o “dia do índio” foi estabelecido pelo decreto-lei 5.540. A data coincide com o aniversário de Getúlio Vargas. 

A definição de uma data teve como objetivo destacar a relevância dos povos indígenas na formação das sociedades da América Latina e promover a valorização de suas culturas e tradições. Mas, há décadas, os estudos sobre a diversidade desses povos eram limitados, e pouca gente dava atenção para o fato de existirem muitos povos indígenas, com culturas e hábitos diferentes, além de necessidades e direitos como todos os cidadãos brasileiros. 

Também eram poucas as ações dos governos que contemplavam as pessoas indígenas. O que existia era o incentivo voltado para que a pessoas indígenas abandonassem suas práticas culturais e adotassem costumes não indígenas, não levando em conta a riqueza, a identidade e as tradições desses povos.

Marcos Rodrigues Barreto
Rosangela Daiana dos Santos
Fundação Municipal de Educação de Niterói