Raízes do Kongo

Sabia que haviam reis e rainhas espalhados por quase todos os continentes? Alguns vieram daNa África, alguns vieram para o Brasil, retirados de seus locais de origem contra a vontade para serem escravizados; outros negociaram para defender seu reino e seu povo; e outros entraram em guerra com aqueles que queriam sequestrar e vender a sua gente. Do antigo reino do Kongo (assim mesmo, escrito com K) – entre as guerras e a paz com os traficantes de gente e alimentos –, muitos homens e mulheres de todas as idades virem foram trazidos para o Brasil trabalhar de forma forçada e sem receber. Se há uma parte feliz nessa história é que as culturas dos africanos sobreviveram! Fazem parte do registro histórico do nosso país, da identidade nacional, expressadas em festas e celebrações, nas quais as majestades africanas são as principais personagens.

Ilustração Marco Carillo

Vamos começar essa conversa apresentando um pouco desse território africano, do qual herdamos tantos saberes: o reino do Kongo. A escrita com a letra K faz referência ao território comandado pelo ManiKongo, na África, que, em 1498, iniciou uma relação com a Coroa Portuguesa, a monarquia de Portugal. Os portugueses, por não conhecerem quase nada sobre o povo que se chamava Kongo, chamaram o território do ManiKongo de ‘reino do Congo’. Foram traduzindo não só o nome do território à sua maneira, mas também interferiram na sua organização…

Os portugueses introduziram a religião católica entre a elite do Kongo, que, por sua vez, transformou o catolicismo em algo mais próximo do que eles acreditavam. Por isso, hoje, escrever reino do Kongo com K significa falar desse grande território no litoral oeste central da África (sul do atual Gabão, República do Congo, Cabinda, República Democrática do Congo e norte de Angola), que influenciou enormemente as culturas brasileiras.

Larissa Oliveira e Gabarra
Instituto de Humanidades
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira.