Rãs dançarinas

Você programou uma trilha pela mata com uma turma bem animada. A ideia é caminhar apreciando a vegetação, mas o que todos mais desejam é chegar à cachoeira! Depois de algumas horas andando, subindo e descendo, lá está ela, a tão esperada queda d’água! O banho é revigorante! E, dando continuidade a um dia especial, alguém saca um violão. Todos começam a cantarolar e… imagine quem se anima a dançar? As rãs! Hããã???

Foto Caroline Camargo/Wikimedia Commons

Bom, verdade seja dita, não foi o som do violão que despertou a vontade de dançar das rãs-de-corredeira, estrelas deste texto. Independente de qualquer som, elas podem realizar até 18 tipos de movimentos com todo o corpo. Cientistas acreditam que cada “dança” é um tipo diferente de aviso. Dentre os movimentos, estão tamborilar os dedinhos das mãos e dos pés, dar chutes no ar e fazer um grande movimento circular com as pernas enquanto cantam, o chamado “movimento de bandeira” (foot-flagging, em inglês).

Essas rãzinhas, pertencentes a um grupo chamado Hylodes, são bem miúdas. Medem de 4 a 6 centímetros, e vivem em riachos e cachoeiras da Mata Atlântica. Algumas de suas características não são muito comuns entre as demais rãs, sapos e pererecas. Por quê? Preste atenção…

Provavelmente, quando você pensa nesses animais, imagina saltitos pela floresta e cantorias no brejo durante a noite. Você tem razão! A maioria dos anfíbios tem hábitos noturnos, isto é, realiza suas atividades durante a noite. Mas isso não acontece com as rãs-de-corredeira: elas são mais ativas durante o dia. 

Outra característica curiosa dessas rãs é que os machos costumam ficar sempre em um mesmo local da cachoeira. Ou seja: se eles encontrarem uma pedra e conquistarem uma namorada, é provável que eles fiquem lá por vários dias. Por isso, as rãs-de-corredeira são consideradas bastante territoriais.

Rachel Montesinos
Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA)