Plantas têm cada nome… Chapéu-de-couro, braquiária-do-brejo, alface-d’água! Taboa – também chamada capim-de-esteira, paina-de-flecha ou pau-de-lagoa. Salvínia, conhecida em alguns lugares como mururé-carrapatinho ou orelha-de-onça. Que apelidos esquisitos!
Nomes estranhos à parte, as plantas do parágrafo acima têm outra característica em comum: são capazes de despoluir as águas que um dia foram contaminadas por metais pesados. “Elas demonstram notável capacidade de filtrar elementos tóxicos como chumbo, cádmio, arsênio e cromo”, conta o botânico Evaristo Castro, da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais.
Após realizar testes para descobrir que plantas são mais indicadas para recuperar rios e cursos d’água poluídos por resíduos industriais, Evaristo descobriu que chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus), braquiária-do-brejo (Brachiaria arrecta), alface-d’água (Pistia stratiotes), taboa (Typha domingensis) e salvínia (Salvinia auriculata) funcionam como verdadeiros filtros de poluição.
Apesar de serem encontrados naturalmente no ambiente, quando despejados em grandes quantidades nos rios, os metais pesados podem causar problemas para animais, plantas e seres humanos que consomem essas águas.
Entre as indústrias que mais causam esse tipo de poluição estão a têxtil – que usa arsênio e outros metais nos corantes aplicados em tecidos –, a de mineração e metalurgia e até a agricultura – pelo uso de agrotóxicos. “Todas essas atividades elevam o teor de metais pesados no ambiente e trazem riscos para a população”, alerta Evaristo.
Livrar a natureza desse tipo de poluição não é fácil. “Os métodos convencionais para tratamento de águas poluídas por esses metais são bem caros e muito complexos”, explica o pesquisador. Por isso, o uso de plantas parece ser uma boa: é mais prático, mais barato e mais eficiente!
Até agora, esse método está sendo testado apenas em laboratório. Mas a equipe de Evaristo pretende, em breve, procurar algumas empresas, apresentar a ideia e aplicar o plano em um rio de verdade. Tomara que dê certo…
Plantas metálicas
Aposto que dessa você não sabia: em vez de extrair metais a partir dos solos, é possível obtê-los de dentro das plantas! É o que alguns chamam de fitomineração. Basta pegar uma planta que tenha sido usada para filtrar metais e, em seguida, queimá-la em um forno adequado para esse procedimento. As cinzas que sobrarem conterão os metais, que podem ser separados por meio de processos especiais. Dessa maneira, de 10 quilos de chapéu-de-couro, é possível extrair 1,13 quilos de chumbo para reutilização na indústria, sem aumentar a quantidade do metal pesado no ambiente.