A história no ouvido

Secar as suas orelhas com um cotonete é fácil. E a de uma baleia-azul? Se o bicho pode chegar a 30 metros de comprimento, com o coração do tamanho de um carro, imagine a quantidade de cera que não poderia se acumular em seu ouvido!

baleia-azul

A baleia-azul tem o tamanho de um Boeing 737 e pesa mais que 25 elefantes juntos! Sua língua pesa quatro toneladas, e ela come cerca de 4 milhões de krills (pequenos camarões) por dia (Foto: Wikimedia Commons)

Deixe o nojo de lado para ler esta notícia: cientistas descobriram que a cera de ouvido de uma baleia pode revelar informações valiosas sobre sua vida e seu ecossistema.

É possível, acredite!, saber a idade do animal a partir do estudo da cera de ouvido – quanto mais camadas de secreção acumulada houver, mais velho será o animal. Além disso, a cera de ouvido pode indicar quais eram os poluentes que contaminavam as águas nas quais a baleia vivia.

Stephen Trumble e Sascha Usenko, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, estudaram a cera de ouvido de uma baleia-azul (Balaenoptera musculus) que fora encontrada em uma praia da Califórnia, em 2007. Seu corpo – incluindo a cera de ouvido – estava preservado no Museu de História Natural de Santa Bárbara, também nos Estados Unidos.

As notícias não foram muito boas. Na secreção estudada, foram encontrados vestígios de 16 pesticidas, um sinal preocupante da poluição dos oceanos. Os cientistas encontraram também DDT (perigoso inseticida que já foi até proibido em vários países) e mercúrio (metal tóxico que, mesmo ameaçando a saúde e o ambiente, continua sendo usado em atividades industriais e no garimpo de ouro).

Cera de ouvido da baleia-azul estudada pelos pesquisadores norte-americanos. A amostra tem 25 centímetros de comprimento e três de diâmetro, e um cheirinho nada agradável (Foto: Trumble et al, 2013. PNAS)

Cera de ouvido da baleia-azul estudada pelos pesquisadores norte-americanos. A amostra tem 25 centímetros de comprimento e três de diâmetro, e um cheirinho nada agradável (Foto: Trumble et al, 2013. PNAS)

Você pode estar se perguntando como os pesticidas, o DDT e o mercúrio foram parar no oceano, mas a resposta é simples: com a ação das chuvas, toda a poluição que produzimos pode, mais cedo ou mais tarde, acabar nos mares. Assim, a vida marinha e todo o ecossistema aquático podem ser gravemente afetados.

“Baleias são animais tão majestosos e impressionantes, e, quando poluímos os oceanos, nós as prejudicamos diretamente”, disse à CHC Online o toxicologista John Wise, da Universidade de Southern Maine, nos Estados Unidos. “Infelizmente, os oceanos estão cada vez mais poluídos; e estudando a cera de ouvido das baleias poderemos descobrir novos caminhos para torná-los mais limpos e mais seguros para os animais”.