A longa história dos quadrinhos

Quem gosta de ler histórias em quadrinhos, com certeza, já se perguntou como elas surgiram. Porém, o que não deve imaginar é que existem várias respostas diferentes para essa questão…

Desenhos da pré-história nas cavernas de Lascaux, na França.

A idéia de contar histórias por meio de imagens pode ser observada desde a pré-história. Nessa época, os seres humanos desenhavam nas rochas os acontecimentos de seu dia-a-dia, como as caças que realizavam. Desenhos desse tipo existem nas cavernas de Lascaux, na França, assim como em outros lugares do mundo, e são chamados de arte rupestre. Quem tiver a chance ver essas pinturas pode perceber que as imagens obedecem a uma seqüência – assim como os quadrinhos que conhecemos hoje.

Na Antigüidade, o imperador romano Trajano construiu uma coluna para contar suas batalhas.

Já na Antigüidade temos o exemplo de Trajano, imperador romano que, no ano 113, mandou construir uma coluna, onde suas batalhas eram contadas em vários desenhos feitos em espiral. A coluna hoje leva seu nome e quem a vê pode constatar que as imagens obedecem a uma ordem e estão relacionadas umas com as outras, contando uma história.

M. Vieux-Bois , criada em 1827, é talvez a primeira história em quadrinhos do mundo.

Caminhando bem mais no tempo, chegamos à Idade Média, mais precisamente ao século 14, quando temos um outro exemplo de história que lembra os quadrinhos: a via-sacra cristã – a história do julgamento e crucificação de Jesus contada pela Igreja Católica, que é narrada em vários estilos. Em algumas igrejas, ela é feita de pedra, em outras, em pinturas ou em painéis artesanais.

A tirinha de Yellow Kid foi o primeiro quadrinho publicado com o formato consagrado hoje.

“Mas o pioneiro das histórias em quadrinhos, quem mais se aproximou das que conhecemos hoje, foi o professor suíço Rodolphe Töpffer, que desenhou M. Vieux-Bois , talvez a primeira história em quadrinhos do mundo, criada em 1827”, esclarece Beto Pimentel, físico e desenhista. “O próprio Töpffer, porém, dizia ter se inspirado nas gravuras seqüenciais do artista inglês William Hogarth do início do século 18.”

No Brasil, as HQs surgiram por volta de 1869 com As Aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora.

No entanto, o primeiro quadrinho publicado com o formato consagrado hoje em dia foi a tirinha de Yellow Kid (em português, Garoto Amarelo ) publicada em cinco de maio de 1895 no jornal World , de Nova York, Estados Unidos. Seu autor, Richard F. Outcault, foi o primeiro a utilizar falas em seus desenhos – aqueles balões que vemos nos quadrinhos atuais. “Mas muito antes disso vários outros autores já produziam historinhas ilustradas, em que os desenhos apareciam em seqüência com o texto correspondente à narrativa ou à fala das personagens, logo abaixo da ilustração”, conta Beto.

No Brasil, os quadrinhos surgiram na mesma época, por volta de 1869, com o caricaturista Ângelo Agostini, que criou As Aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora , na revista Vida Fluminense , do Rio de Janeiro. Já no início do século 20, revistas para crianças, como Tico-Tico e Sesinho – relançada em 2001 –, traziam quadrinhos de grande sucesso. Mais tarde, a partir de 1960, revistas de quadrinhos famosas como a Turma do Pererê , do cartunista Ziraldo, e A turma da Mônica , de Maurício de Sousa, chegam às bancas para alegria de quem gosta desse tipo de história.

No início do século 20, revistas como Tico-tico traziam quadrinhos de grande sucesso.

Aliás, se você é uma dessas pessoas, que tal acompanhar uma entrevista com dois especialistas em quadrinhos, que têm muito mais a falar sobre essa arte? Aproveite!