A sereia encontrada na praia da Lua

Ilustração: Denis José Ribeiro.

No ano passado, ouviram-se muitos rumores sobre a sereia encontrada na praia da Lua. Eu acompanhei esse episódio pela internet. Mas garanto que não fiquei nem um pouco impressionada com as fotos nem com a história que dizia que um vendedor ambulante estava andando pela praia da Lua e sentiu um cheiro forte, muito ruim. Procurou para ver se encontrava alguma coisa e, quando olhou, viu um ser metade peixe e metade humano. As fotos circularam na internet e nos jornais para quem quisesse ver. A explicação que todos tivemos foi a de que a sereia, na verdade, era uma escultura de um artista plástico. Ficou por isso mesmo, ninguém entendeu nada, porque simplesmente o caso foi abafado.

Até que um turista paulista e sua namorada, colega de um amigo meu, vieram passar as férias aqui em Manaus e, de quebra, assistir ao festival de Parintins. Mas, ao chegar, ele teve uma briga feia com a namorada, que resolveu ir sozinha ver o Garantido e o Caprichoso. Para não ter mais discussões, o rapaz resolveu ficar por aqui mesmo.

Numa tarde, o paulista estava se divertindo, andando de jet ski na praia da Lua. Sofreu um acidente e quase se afogou. Assim que recobrou a consciência e muito estonteado, falou que queria ir embora o mais depressa possível, pois tinha sido atacado por um bicho. Segundo ele, uma sereia tentou afogá-lo, mas não conseguiu. O mais rapidamente possível comprou sua passagem e voltou para São Paulo. Lá, sem ainda esquecer o fato, foi procurar na internet alguma coisa, bicho ou até mesmo algum tipo de alucinação que pudesse explicar o que ele tinha visto. Foi quando, de repente, viu, no site de um jornal local, a foto do ser que o vendedor ambulante tinha encontrado na praia da Lua. Muito espantado, na hora percebeu a imensa semelhança com o bicho que, segundo ele, tinha tentado afogá-lo.

Imediatamente, o rapaz ligou para o jornal contando o fato acontecido com ele, pedindo a todos que tivessem muito cuidado porque o bicho parecia muito rebelde quando tentou matá-lo e falando que nunca mais colocaria os pés aqui, pois temia ser novamente atacado.

História contada no livro Universo mítico da Amazônia – Resgatando a arte de contar histórias.