Imagine ter a aula de matemática interrompida por conta da chegada do imperador. Engraçado? Saiba que, se você tivesse nascido no século XIX, sua escola poderia ter sido visitada por D. Pedro II. É verdade! Em seus diários, há registros de que ele gostava de conhecer as escolas das cidades por onde passava e ainda outras anotações curiosas sobre suas andanças pelo Brasil e pelo mundo. Esses documentos referentes às viagens do imperador fazem parte do acervo da Casa Imperial do Brasil e, segundo a pesquisadora Alessandra Figueiredo Fraguas, devem estar disponíveis na internet até 2014.
“Além dos diários produzidos por ele, há recortes de jornal, programas de peças de teatro, uma caderneta de uma viagem à Europa escrita pela Condessa de Barral, grande amiga de D. Pedro II, e muito mais”, diz ela. Para quem tem interesse em curiosidades históricas será um prato cheio encontrar online esse material em que o próprio imperador descreve o que havia de mais interessante em seu tempo.
Entre 1871 e 1887, D. Pedro II visitou a Europa, o Oriente Médio e a América do Norte. “Suas viagens foram muito importantes, porque nelas se costuravam relações comerciais e diplomáticas”, afirma a pesquisadora. Mas não é só isso que os caderninhos trazem. No Egito, ele fez desenhos do que viu, e, quando passou pelos Estados Unidos, registrou uma invenção nova à época, que pouco depois fez chegar aqui: “Graças a ele, o Brasil foi o segundo país do mundo a contar com telefone”, lembra Alessandra.
Além de visitar outros países, Dom Pedro II gostava muito de passear pelas nossas terras também. Por aqui, sua primeira grande viagem foi em 1859, quando seguiu do Rio de Janeiro até a Paraíba. De barco ou de trem, também visitou São Paulo, Minas Gerais, o interior do estado do Rio e muitos outros recantos do Brasil. “Sempre que chegava numa cidade, ele visitava a Câmara Municipal, a cadeia e a escola, onde gostava de avaliar os professores, como consta nas suas anotações”, diz Alessandra. Já pensou? Um imperador na sala de aula?!
D. Pedro II era mesmo um homem muito viajado e inteligente. Segundo a pesquisadora, em visita ao Espírito Santo, ele fez um pequeno dicionário com palavras do dialeto dos índios puris. Isso sem falar nos desenhos, registrando seus hábitos e costumes. “Ele procurava sempre conhecer o povo e estar por dentro do que acontecia”, diz Alessandra. E será que o último imperador do Brasil gostaria de ver suas intimidades online?
Ao que tudo indica, parece que sim. “O imperador era um grande otimista em relação aos progressos da ciência do seu tempo e isso faz parte da imagem que pretendia deixar para a História. Provavelmente, ele ficaria encantado com as maravilhas da internet”, diz Alessandra. Sorte nossa!