A CHC 267 contou para vocês um pouco da história da navegação, e de como os navios foram se modificando ao longo do tempo para conseguir percorrer maiores distâncias em menos tempo, e com mais carga. Uma das inovações que permitiu a construção dos navios mais modernos foi a invenção da hélice naval – um mecanismo baseado no parafuso de Arquimedes que permite aproveitar de maneira mais eficiente a energia do vapor gerado nas caldeiras.
Como muitos inventos, a hélice naval surgiu a partir de um problema: embora os navios a vapor – que começaram a circular no início do século 19 – fossem mais rápidos que os anteriores, eles tinham duas grandes limitações.
A primeira era o enorme tamanho das rodas de pás que faziam mover essas embarcações e que dificultavam a hora de atracar os navios em portos onde a profundidade da água era mais rasa. A segunda era a grande quantidade de carvão que precisava ser carregada, além do trabalho colossal dos caldeiristas, que davam duro para abastecer as caldeiras.
Deveria haver uma solução – era essa pulga atrás da orelha que motivava o austríaco Joseph Ressel a pensar num novo mecanismo para mover os navios. Ele pensou, pensou, fez esquemas, rabiscou projetos, esculpiu modelos e testou na banheira, até realizar o primeiro teste público em 1826. Funcionou! A hélice naval permitiu economizar carvão e ganhar velocidade, além de dispensar as pás. Pouco depois, o carvão foi substituído por diesel como fonte de energia.
Um avanço e tanto, mas poucos conhecem o homem por trás dele. Joseph Ressel nasceu em 1793, na cidade de Chrudim, que, naquela época, era parte do reino de Habsburgo, fez parte do reino da Áustria e, atualmente, pertence à República Tcheca. Frequentou a Academia de Engenharia Florestal de Budweis, onde se tornou um especialista em silvicultura.
Além da hélice naval, Ressel pensou em outras invenções, especialmente para solucionar problemas do dia a dia de sua família. Por exemplo, uma espécie de correio pneumático que usava para acordar seus filhos na hora de ir para a escola. O sistema era composto por um tubo que ia da cozinha da sua casa até cada uma das camas dos seus filhos, terminando sob seus travesseiros. Quando chegava a hora de acordar de manhã, mamãe Ressel mandava uma cápsula através do tubo, a qual fazia um ruído do tipo “plop” sob o travesseiro, acordando as crianças.
Na vida familiar, Ressel enfrentou duros golpes do destino. Sua primeira esposa, Giacomina, morreu muito jovem, assim como uma filha, que morreu ainda criança. Com sua segunda esposa, Therese, teve sete filhos, dos quais dois morreram antes dele.
O destino de Joseph Ressel infelizmente acabou sendo aquele típico de um inventor: durante décadas, lutou em vão para ser pago pelas suas invenções; mas viveu relativamente pobre e morreu aos 64 anos em Liubliana.