A preocupação de encontrar uma surpresa desagradável ao comer uma maçã agora é coisa do passado. Aquela famosa lagartinha que às vezes habita a fruta foi exterminada de vez aqui no Brasil.
Conhecida como bicho-da-maçã, a lagarta é, na verdade, a fase de larva da mariposa Cydia pomonella, que fica na fruta até crescer e adquirir asas para voar. Ela está tão conectada à maçã que surgiu no mesmo local que a fruta, em Cáucaso, uma região da Europa Oriental. De lá, se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil na década de 1990, trazida provavelmente pelo comércio de frutas. Exatamente por não ser daqui do nosso país, sua exterminação não causará desequilíbrio ambiental.
Além da maçã, a lagarta também ataca outras frutas. “Ela tem quatro frutos preferidos: maçã, pera, marmelo e noz-europeia”, conta o engenheiro agrônomo Adalecio Kovaleski, pesquisador da Empresa Brasileira de Agropecuária e coordenador técnico do projeto que erradicou o inseto do país.
O problema da lagarta é que ela tem apetite voraz e destrói as frutas destinadas aos humanos. “Na forma de mariposa, ela deposita seus ovos nas folhas e frutos”, diz Adalecio. “Depois que nascem, as lagartinhas perfuram a polpa da fruta e seguem até a região das sementes, onde permanecem por cerca de 20 dias se alimentando.”
O pesquisador conta que a lagarta em si não é uma ameaça para os consumidores, pois ninguém passa mal se comer uma por engano. O perigo é que nos buracos deixados por ela podem se instalar fungos que são nocivos para a nossa saúde e estragam a fruta.
Por isso, Adalecio e seus colegas pesquisadores passaram cerca de 20 anos tentando acabar com o inseto. Para cumprir essa difícil missão, foram instaladas mais de 10 mil armadilhas em áreas urbanas e pomares comerciais. “Nas armadilhas, colocamos um cheiro da fêmea de espécie”, explica o pesquisador. “Assim, os machos são atraídos e acabam ficando presos em um piso adesivo que contém uma cola que não seca”.
Os pesquisadores também tiraram das áreas urbanas infestadas as plantas em que o inseto vive quando assume a forma de mariposa. Depois dessas medidas, os pesquisadores não encontraram mais lagartas e nem as mariposas. “A última captura de Cydia ocorreu em novembro de 2011. Segundo uma convenção internacional, depois de dois anos sem a ocorrência de um inseto em plantações, ele já pode ser considerado erradicado”, explica o engenheiro agrônomo.
Com a eliminação do inseto, o pesquisador diz que o Brasil vai economizar caminhões de dinheiro que eram gastos com inseticidas, além de tornar os frutos mais saudáveis. “Esses pesticidas utilizados para o seu controle causam desequilíbrio ambiental e contaminam tanto o ambiente quanto de quem os aplica e os consumidores”, diz. “Assim, sem a praga, os produtores brasileiros não irão aplicar esse produtos, fazendo com que a produção de frutas se torne muito mais sustentável!”.