Você já ouviu falar do ebola? Seja no telejornal ou no colégio, muita gente está comentando sobre esse vírus depois que ele deixou várias pessoas doentes. Mas, afinal, o que é o ebola e por que ele causa tanto medo?
Tudo começou em 1976, quando o diretor de uma escola no Congo, país da África Central, ficou doente e morreu. Depois de muita pesquisa, os cientistas descobriram que ele e outras pessoas do lugar adoeceram por causa de um vírus ainda desconhecido, ao qual deram o nome de ebola, já que o diretor foi infectado próximo a um rio com o mesmo nome.
No início, a África Central era a região mais acometida pela doença causada pelo ebola, pois abriga um morcego gigante conhecido como raposa-voadora. Capaz de contrair o vírus sem ficar doente, o mamífero é considerado um reservatório que pode espalhar o vírus ebola por aí. Imagine o perigo?
Com o passar dos anos, outros países da África viveram surtos da infecção e, em dezembro de 2013, começou a atual epidemia. Dessa vez, o surto começou na África Ocidental, parte do continente que também abriga o raposa-voadora. E foi lá que, em menos de 1 ano, mais de 4 mil pessoas morreram infectadas pelo vírus.
De uma pessoa para a outra
Mas não pense que o ebola se espalhou apenas por meio do morcego – afinal, ele vive dentro da floresta, bem longe de nós. “Quando o ser humano invade a floresta, seja para desmatar ou caçar um animal, ele pode entrar em contato com o morcego, ser contaminado e levar o vírus para outros locais”, explica a infectologista Otilia Lupi, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A partir daí, quem entrar em contato com o sangue ou fluidos corporais de pessoas infectadas, como saliva e vômito, pode também se contaminar.
Desde 1976, 21 epidemias da doença já aconteceram. Porém, dessa vez o vírus se espalhou rapidamente por causa das características da Guiné, país africano onde o surto atual começou. “As pessoas desse local se visitam muito, diferente de surtos que ficaram em comunidades rurais e não se espalharam”, explica Otilia.
Além dos países africanos, locais como os Estados Unidos também tiveram pessoas infectadas. Como os sintomas iniciais do ebola lembram os da gripe, como febre e dor no corpo, muita gente pode não saber que está com a doença e acaba viajando para outros lugares, levando o vírus consigo. Mas, atenção: diferentemente da gripe, o ebola não pode ser transmitido pelo ar.
Otilia também explica que o perigo da doença está na evolução para uma forma chamada de febre hemorrágica que causa perda excessiva de sangue, podendo levar à morte. “Cerca de 30 a 40% dos casos podem evoluir para esse estágio”, diz a infectologista. Mesmo assim, em muitos casos, o próprio corpo se cura da doença sozinho.
Sem pânico!
Descobrir a capacidade que o ebola tem de se espalhar pode deixar você assustado. Porém, é importante saber que, no Brasil, não há presença do raposa-voadora e o único jeito de o ebola entrar no país é caso alguém venha infectado de outros locais. E, se isso acontecer, os profissionais de saúde brasileiros estão muito bem preparados.
Prova disso foi o caso de um homem que, no início de outubro, saiu da Guiné, na África, para o Marrocos e de lá veio até o Brasil. Aqui, ele foi a um posto de saúde apresentando febre e mal-estar e, quando os médicos souberam de onde o homem vinha, logo o enviaram para a Fiocruz, onde ficou isolado para que não entrasse em contato com ninguém até que saísse o resultado dos exames, que deram negativo para o ebola. Ufa!
Portanto, nada de pânico: vamos ficar de olho nas novas descobertas da ciência e torcer para que todos se livrem logo desse vírus.
E a cura?
Apesar de muito esforço dos cientistas, ainda não existe uma cura para o ebola. No entanto, é em casos como o surto atual que a ciência dá os primeiros passos para buscar um tratamento e até mesmo uma vacina contra o vírus. Medicamentos que ainda não testados em humanos foram aplicados emergencialmente nas pessoas infectadas e algumas foram curadas.
Além disso, o sangue dessas pessoas está sendo estudado para a produção de soros capazes de agir como um antídoto contra a infecção, já que aqueles que adoecem pelo ebola uma vez ficam imunes à nova infecção pela doença por toda a vida.
Segundo Otilia, outras doenças que hoje já não metem em medo em ninguém foram, no passado, tão assustadoras quanto o ebola. “A malária e a dengue também saíram de dentro da floresta”, diz. “O importante é entendermos como a doença ocorre e, em seguida, controlar os animais envolvidos na cadeia, como fazemos com o mosquito da dengue.”
Outro exemplo é a febre amarela que causou grandes epidemias no século 15 e, no início do século 20, teve uma vacina desenvolvida. “A doença foi empurrada de volta para a floresta, e acomete apenas quem não for vacinado e entrar na floresta”, adiciona a infectologista.