Sem certidão de nascimento, essa descoberta sobre o nosso planeta deu trabalho!

Ilustração Walter Vasconcelos

Você sabe quando nasceu? Que pergunta… O registro está na sua certidão de nascimento. E, fazendo uma conta rápida, é possível descobrir a sua idade. Mas, no caso da Terra, como podemos saber quantos anos ela tem?

 As primeiras tentativas de estimar a idade da Terra não foram científicas, levaram em conta a Bíblia e outros textos religiosos, e geraram pelo menos um resultado surpreendente, de tão preciso que pretendia ser: a Terra teria sido criada em 22 de outubro do ano 4004 antes de Cristo, às seis horas da tarde – escreveu o arcebispo irlandês Ussher em sua obra publicada em 1650. 

Para a ciência, em se tratando da Terra, o caminho natural foi investigar as camadas de rocha que se acumulavam umas sobre as outras. Assim, as camadas mais profundas do planeta seriam mais antigas, e sobre elas seriam sobrepostas camadas mais jovens. A busca pelo início desse processo, no final do século 18, levou a uma conclusão interessante: não era possível indicar uma data de início para o planeta, porque sempre havia uma camada mais profunda e antiga, e existia um limite para a profundidade que se podia investigar. 

Ideias diversas continuaram surgindo para estimar a idade da Terra. Até que, no final do século 19, uma delas se destacou: a Terra teria se formado a partir de um estado incandescente – como o magma dos vulcões. A partir de então, foi calculado o tempo para que a temperatura chegasse a um nível aceitável para o planeta ser habitável. O resultado? Algo em torno de 100 milhões de anos! Acha muito? Alguns geólogos acreditavam que era pouco…

Como a ciência é algo vivo, ainda no século 19, descobriu-se um fenômeno que anularia o recente cálculo da idade da Terra e levaria a um valor mais preciso: a radioatividade. Ela possibilitou o estudo de diferentes rochas do planeta (na verdade, dos elementos químicos que as formavam) e a conclusão foi que muitas rochas tinham centenas de milhões de anos, algumas até alguns bilhões de anos! 

Mas ainda havia um problema: como a superfície da Terra esteve em constante modificação ao longo de sua existência, não seria possível, em princípio, encontrar uma rocha preservada que pudesse fornecer a idade do planeta. Algumas rochas chegam a fornecer o valor de pouco mais de 3,5 bilhões de anos, mas ainda não são as rochas do início da formação da Terra. Quer saber de onde veio a resposta? Do espaço!

Ganhou força uma hipótese de que os corpos do Sistema Solar se formaram na mesma época. Como comprová-la? Analisando meteoritos (pedaços de rochas que têm origem no espaço sideral). Os resultados dessas análises, aceitos por cientistas do mundo todo, indicam que o nosso planeta tem cerca de 4 bilhões e 600 milhões de anos – ou 4,6 bilhões de anos. Rochas da Lua e de Marte apresentam uma idade equivalente. Resumo da história: a Terra é bem velhinha. Hummm… Será? E o Universo, quantos anos tem?