Ah, o verão! O calor nos leva a desejar diversão na água, não é mesmo? Você já foi à praia alguma vez? Vai sempre? Um passeio rápido na beira da água pode revelar aos nossos olhos uma surpresa nada agradável: o excesso de lixo. Tampinha de garrafa, bituca de cigarro, copos e sacolas de plástico, chinelos perdidos… Será que isso tudo foi deixado lá pelos banhistas? Olha, uma parte pode ser que sim, mas o lixo também pode ter chegado de outra forma: pelo curso d’água. Você deve saber que a maioria dos rios corre para o mar. Então, se a chuva que limpa a sua rua conduz o lixo até o rio, que, por sua vez, chega até o mar, percebemos que a poluição das águas salgadas pode vir de longe! E agora?
Agora vamos falar dos desafios para manter a saúde do oceano. Em primeiro lugar, temos de lidar com esse cenário de poluição de diversos tipos, como lixo e esgoto domésticos, restos de medicamentos e outros resíduos. Mas os problemas não param aí…
Já reparou naquelas casas de frente para o mar, apelidadas de “pé na areia”? Em geral, elas têm piscina, janelas de vidro bem grandes e uma vista invejável do oceano. Pois essas casas foram construídas onde havia uma vegetação costeira, como a Mata Atlântica. É claro que há diferentes construções, mas muitas não levam em consideração a conservação da natureza. A ocupação humana em regiões litorâneas provoca a diminuição da biodiversidade, interferindo em muitos ecossistemas costeiros, como os recifes de coral e manguezais.
Da mesma maneira que muitas pessoas competem por um lugar ao sol na praia, outros seres também competem por espaço em vários ambientes. E quando chegam novas espécies, vindas de fora, a competição é ainda maior. As chamadas espécies exóticas são aquelas originárias de um determinado local, que, trazidas de seu local de origem, passam a ocupar outro local ao ponto de acabar com a vida das espécies que viviam muito bem por lá. Por exemplo, o coral-sol, que chegou ao Brasil encrustado em navios e plataformas de petróleo e gás, é originário do oceano Indo-Pacífico, tendo se estabelecido em diversas regiões costeiras brasileiras, como no litoral da Bahia, onde ele compete com o coral-cérebro, habitante nativo de lá.
E, para você que adora peixe, camarão ou mexilhão, estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que estamos comendo mais alimentos aquáticos do que nunca. Isso pode ser um problema, já que muitos estoques pesqueiros estão diminuindo, por conta inclusive da pesca ilegal, realizada em áreas proibidas ou fora dos períodos permitidos. Esse tipo de pesca provoca a mortalidade excessiva de organismos que são alvo ou não da pesca, prejudicando os ecossistemas marinhos e a própria atividade pesqueira.
Além disso, você sabe o que tem a ver o combustível fóssil e o oceano? A gasolina, que é composta de petróleo, é um tipo de combustível fóssil que influencia nas mudanças climáticas, levando à diminuição das calotas polares e ao aumento do nível do mar, reduzindo o oxigênio na água e causando erosão nas praias e inundações das cidades costeiras.
Todos nós, mesmo aqueles que nunca pisaram em uma praia, estamos impactando de alguma forma o oceano. Por isso, convidamos você a conhecer mais sobre o que está acontecendo com o maior ambiente da Terra. Acompanhe a coluna Segredos do Oceano e descubra ações que podem contribuir para proteger esse bioma tão importante.
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Alexander Turra
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 01.12.2023