Tenha você religião ou não, deve conhecer a razão da festa do Natal: a comemoração do nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro. Pela tradição cristã brasileira, o Natal também é a data em que as pessoas costumam trocar presentes. Mas em outros países a troca se dá no Dia de Reis, celebrado em 6 de janeiro, que marcaria a visita dos Reis Magos ao menino Jesus. Ainda segundo a tradição cristã, os três foram guiados, até a manjedoura onde Jesus estava, por um astro que brilhava no céu: a Estrela de Belém.
Estudos recentes sobre o calendário oficial de Roma, que foi transformado no calendário cristão, revelaram um erro: a real data do nascimento de Jesus teria acontecido cerca de seis anos antes da data prevista. Uma das formas de se procurar o ano correto é investigar fenômenos astronômicos. A Estrela de Belém surge então como o mais óbvio material a ser trabalhado neste caso. E aí há um detalhe cultural: “estrela” poderia significar não só um astro específico, mas um conjunto de astros, incluindo planetas e constelações.
Os judeus, povo que vivia na região onde Jesus nasceu, eram pastores. Povos agricultores, como os da Mesopotâmia, de onde teriam vindo os Reis Magos, se dedicaram mais à astronomia, pois precisavam saber as épocas corretas de cultivar o solo. Como a Terra gira ao redor do Sol, completando a cada ano um ciclo completo, o céu de cada noite muda um pouquinho. A posição dos astros no céu era utilizada por estes povos para saber quando plantar e colher. Por isso, eles acreditavam que os ciclos anuais eram regidos pelos astros, assim como os destinos dos povos e das pessoas.
Na realidade, os Reis Magos não seriam mágicos, mas homens que entendiam dos astros, de astronomia. E, para a astronomia, há diversas hipóteses do que poderia ter sido a Estrela de Belém. Uma delas foi resgatada no ano de 2020: as conjunções planetárias! Chama-se conjunção quando astros parecem estar bem próximos uns dos outros, o que pode acontecer entre planetas, constelações ou alguma estrela mais brilhante do céu. Estrelas emitem luz própria. Planetas refletem a luz de suas estrelas, giram ao redor delas e estão muito mais próximos de suas estrelas do que as estrelas entre si. Vou dar um exemplo: Júpiter e Saturno assim como os demais planetas do Sistema Solar, giram em torno do Sol com velocidades diferentes. Esses dois, porém, por vezes parecem estar mais próximos uns dos outros – e isso é o que está acontecendo em dezembro de 2020! Essa proximidade deve ser máxima no dia 21 de dezembro, bem perto do Natal. Eles estarão visualmente tão próximos quanto só estiveram em 1226, em plena Idade Média!
Teria sido então uma conjunção de Júpiter e Saturno, a Estrela de Belém? Muito dificilmente, pois a que aconteceu mais próxima do nascimento de Jesus foi 12 anos antes do ano um de nosso calendário. Então, a Estrela de Belém de 2020 pode até ser um fenômeno parecido, mas não o mesmo da história dos Reis Magos.
Jaime Fernando Villas da Rocha,
Departamento de Física,
Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Membro do Interdisciplinary Center for the Unknown
Sou astrônomo e, claro, um apaixonado pelos astros – a começar pelo planeta em que vivemos. Este espaço fala de como vemos o Espaço, incluindo a Terra.
Matéria publicada em 21.12.2020
valeska
eu amei
Luana
Muito bom Gostei
Regiane
Adorei!!!
Miguel Ruas
adorei muito