No litoral brasileiro, que tem mais de 8.500 quilômetros de extensão – incluindo praias, manguezais, costões rochosos e recifes de coral –, há uma grande quantidade de seres vivos. No meio de tanta vida, é difícil saber quem é parente de quem. Uma maneira de identificar as espécies é por meio das semelhanças na aparência entre elas. Outra, é por meio da genética, ciência que estuda a transmissão de características biológicas de uma geração a outra e a outra e a outra…
A investigação genética tem sido fundamental para identificação de novas espécies no litoral brasileiro. Isso dá trabalho, mas também é muito recompensador: já pensou na emoção de descobrir uma nova espécie?
Se as suas antenas da curiosidade foram acionadas para saber como é feita a investigação genética, tome nota! Primeiro, devemos compreender que as informações genéticas estão presentes em todos os seres vivos e em qualquer parte do seu corpo, seja na pele ou no fio de cabelo, na cauda ou na escama. Essa informação é conhecida como DNA, a molécula responsável, entre outras coisas, por expressar características que serão passadas dos pais para os filhos.
A segunda coisa a saber é que as informações contidas no DNA de qualquer espécie de ser vivo são como um livro. E a leitura deste livro é feita por máquinas chamadas sequenciadores de DNA. Comparando sequências de DNA no computador, cientistas podem verificar semelhanças e diferenças entre as espécies.
Agora vem a terceira parte: usando as sequências de DNA em conjunto com outras características – como modo de vida e estrutura do corpo –, biólogos marinhos têm encontrado e descrito novas espécies de peixes, invertebrados e algas, algumas das quais só existem no litoral do Brasil. Um exemplo é um novo gênero de alga calcária chamado de Roseolithon, cujo nome quer dizer literalmente pedra rosa.
O avanço dos estudos tem revelado que a diversidade de espécies marinhas no Brasil é maior do que se pensava! Mas ainda há muito o que descobrir! Quem sabe no futuro você será responsável por identificar novas espécies marinhas?
Tássia Biazon
Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano
Universidade de São Paulo
Mariana Cabral de Oliveira
Instituto de Biociências
Universidade de São Paulo
Matéria publicada em 01.09.2022