Em 1915, Wegener publicou todas as suas idéias no livro A origem dos continentes e oceanos , onde apresentava algumas hipóteses para explicar a deriva dos continentes. Ironicamente, um ferimento que ele sofrera na Primeira Guerra Mundial ajudou-o a escrever essa que foi a obra mais importante de sua vida. Enquanto se recuperava, em 1914, teve tempo de sobra para pensar na idéia que já o intrigava havia anos e buscar evidências geológicas e paleontológicas para sua teoria de que os continentes já tinham, um dia, estado juntos.
No entanto, Wegener não conseguiu descobrir que força estava por trás do movimento dos continentes, e os cientistas continuaram não acreditando em sua teoria. As críticas que recebeu dificultaram muito sua vida acadêmica: apesar de ser um professor muito respeitado pelos alunos, as universidades alemãs não queriam aceitá-lo. Esse reconhecimento só veio em 1924, quando recebeu o título de professor em meteorologia e geofísica, da Universidade de Graz, na Áustria, satisfazendo enfim uma ambição que tinha desde o início da carreira.
Essa não foi, porém, a sua formação inicial: quando entrou na faculdade, Wegener estudou Ciências Naturais e fez seu doutorado em Astronomia! Mas o interesse pelas estrelas foi logo substituído pela vontade de entender os fenômenos à sua volta. Assim, voltou seus estudos para a meteorologia, ciência que estava se desenvolvendo na época, e para a geofísica. Pôde então exercitar o espírito aventureiro que tinha desde criança, quando caminhava e escalava fingindo estar em treinamento para participar de uma expedição à Groenlândia, um sonho que realizou em 1906.
O ano de 1906 foi, aliás, muito ocupado para Wegener. Antes de partir para sua aventura no Ártico, bateu o recorde mundial para vôos em balões, ficando mais de 52 horas no ar com seu irmão Kurt. Graças a esse feito, foi convidado a participar da expedição dinamarquesa para explorar uma região ainda não mapeada da Groenlândia, a costa nordeste. Durante os dois anos que passou no Ártico, Wegener usou instrumentos inusitados para estudar a atmosfera polar: pipas e balões!
A expedição lhe rendeu um convite para dar aulas de meteorologia na Universidade de Marburg, onde se tornou um professor muito popular. Em 1911, reuniu as suas lições no livro A termodinâmica da atmosfera , que acabou sendo adotado em toda a Alemanha para estudar o assunto, contendo a primeira descrição da formação das gotas de chuva.
Em 1912, depois de expor sua teoria pela primeira vez e causar muita polêmica entre os cientistas, retornou à Groenlândia, fazendo a maior travessia a pé no gelo de que se tem notícia. Por essas aventuras, acabou se tornando um dos maiores especialistas do mundo em glaciologia e meteorologia polar.
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