Você consegue contar quantas línguas são faladas no Brasil? Se você pensou só no português, é hora de repensar sua resposta. Em um país grande como o nosso, onde diversas culturas, nascidas aqui ou vindas de outros lugares, dividem o território, é natural que as pessoas se comuniquem em diversas línguas. Mas essa diversidade nem sempre é reconhecida.
Por isso, especialistas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) resolveram criar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), um documento que registra e descreve os idiomas falados em nosso país.
“O INDL tem como objetivos gerais promover e valorizar a diversidade linguística brasileira, fomentar a produção de conhecimento e documentação sobre as línguas faladas no Brasil e contribuir para a garantia de direitos linguísticos”, explica a linguista Giovana Ribeiro Pereira, do Iphan.
Por enquanto o inventário inclui três línguas: o talian – uma variação do italiano trazido do norte da Itália por imigrantes e falado no Brasil por seus descendentes –, o asurini do trocará – uma língua da família tupiguarani falada por indígenas asurini – e o guarani mbya – língua falada por indígenas em grande parte do nosso litoral. Há projetos em andamento para inclusão de outras línguas faladas por grupos formados a partir da imigração, línguas indígenas e até línguas de sinais!
“O reconhecimento dessas línguas como referência cultural brasileira promove a valorização das línguas faladas no Brasil como elemento de transmissão de cultura e como referência de identidade para os diferentes grupos sociais”, diz Giovana. “O INDL contribui para a pluralidade linguística e cultural, desconstruindo o mito de que o Brasil é um país monolíngue”.