Que o Brasil é um país formado pela mistura entre pessoas e culturas diferentes, todos sabem. E que os principais responsáveis por isso são os índios, que já viviam aqui; os negros africanos, trazidos pelos europeus; e os próprios descobridores, também não é mistério para ninguém. Só que, assim como acontece conosco, a origem dos nossos colonizadores é bastante diversa…
Quem seriam esses portugueses que chegaram aqui em 1500 e começaram a construir o Brasil de hoje? Para responder a essa questão, o Centro Cultural Banco do Brasil traz para o Rio de Janeiro a exposição Lusa – A matriz portuguesa, que apresenta os principais povos que formaram o país que hoje conhecemos como Portugal desde a pré-história até a era dos descobrimentos, que teve início a partir do século 15.
A viagem pelo tempo proporcionada pela mostra começa há mais de um milhão de anos. Nessa época, os primeiros homens a habitar a região onde hoje está a Europa viviam da caça e da coleta de frutos e, por não saberem plantar, nunca se fixavam em um só lugar – situação que só mudou há cerca de 10 mil anos, quando passaram a produzir seus alimentos, tornando-se, assim, pastores e agricultores.
Conforme foram aprendendo a lidar com metais – cobre, bronze e ferro – e iniciaram o comércio com povos de lugares distantes, como os do Mediterrâneo, esses homens trocaram as aldeias primitivas onde viviam por locais mais seguros, elevados e fortificados, como os castros e as citânias, que eram parecidos com cidades e diferentes de suas antigas moradas, vulneráveis a ataques inimigos.
Muito tempo depois, no início do século 2 antes de Cristo, os romanos chegaram à região onde está localizado Portugal, a península Ibérica, e integraram as populações que a princípio viviam isoladas, por meio da mesma língua, da mesma moeda, de vias de comunicação e da implantação de um sistema único de poder.
Quase no final da dominação romana, precisamente no ano de 711, teve início, em Portugal, a ocupação de povos que tinham como religião o islamismo, que durou dezenas de anos. Nesse momento, formava-se um novo modelo de Estado, mais aberto a novos mercados, intensificando a circulação de pessoas, produtos e idéias.
Além do islamismo, outra religião bastante poderosa foi o Cristianismo, sobretudo ao longo da Idade Média, época em que Portugal adquiriu os contornos atuais. O Cristianismo teve duas fases distintas: entre os séculos 12 e 13, denominado momento românico, quando a paisagem predominante era a rural, repleta de castelos e de mosteiros beneditinos; e entre os séculos 13 e 14, marcado pelo crescimento da vida urbana e dos valores humanistas, representados nas esculturas, cada vez mais próximas da realidade.
Ao falar de Portugal, também devem ser destacados os judeus, presentes ali desde o século 1. Sua história foi marcada por altos e baixos: em alguns momentos, eram protegidos pelos reis e tinham grande importância na vida política e econômica; já em outros, sofreram constantes perseguições, chegando até mesmo a serem expulsos do país ou obrigados a se converterem ao Cristianismo.
Nossa viagem termina entre os séculos 15 e 16, quando Portugal começou suas aventuras pelo mar, na chamada ‘Era dos Descobrimentos’. Graças ao convívio com os árabes e judeus, profundos conhecedores de astronomia e da navegação, bem como com poderosos banqueiros, os portugueses puderam partir em busca de novas terras. Assim, eles foram os responsáveis por estabelecer o contato da Europa com áreas até então separadas – as Américas, a Ásia e a África.
Ao entendermos essa mistura que deu origem a Portugal, percebemos também de onde vem uma das características das quais nós, brasileiros, nos orgulhamos tanto: a tolerância com o diferente. Daí a importância de conhecer um pouco mais a história desse país. Afinal, isso significa também compreender a nossa própria origem.
Exposição Lusa – A matriz portuguesa
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro/RJ.
Até 10 de fevereiro de 2008.
De terça a domingo, das 10h às 21h.
Grátis!