Vida de astronauta não é fácil, não: além de ficar longe de casa, quem se aventura pelo espaço sofre mudanças no próprio corpo. Que o digam os seis ratinhos enviados pela Agência Espacial Italiana para passar três meses na Estação Espacial Internacional. Eles viajaram com um objetivo importante: estudar as alterações que a viagem causaria em seus corpos.
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Os ratos foram enviados ao espaço para ver como seus corpos reagiriam à viagem (Foto: Wikimedia Commons)
A bióloga Sara Tavella, da Universidade de Gênova, fez parte do grupo de cientistas que estudou os ossos desses ratos. Ela explica que, enquanto a gravidade e os exercícios físicos estimulam o aumento da massa e da força dos ossos, a ausência desses estímulos faz com que os ossos percam massa e fiquem mais frágeis.
Por causa disso, todos os ratinhos que foram para o espaço sofreram danos nos ossos. “Na ausência de gravidade, os osteoblastos (células que produzem tecido ósseo) reduzem a sua atividade, enquanto os osteoclastos (que degradam o tecido ósseo) aumentam. Isso causa uma diminuição da massa óssea e a fragilidade dos ossos”, conta Sara.
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A astronauta Nicole Stott na Estação Espacial Internacional, ao lado das gaiolas que foram criadas para abrigar os ratos no experimento (Foto: Nasa)
Numa tentativa de evitar esse prejuízo, três dos seis ratos enviados para o espaço eram geneticamente modificados, ou seja, tiveram seu DNA modificado para produzir grandes quantidades do fator de crescimento Pleiotrophin, uma substância que age na formação óssea. O resultado foi interessante: eles perderam menos massa óssea do que os ratos normais, porque o fator de crescimento estimulou a produção e a atividade dos osteoblastos.
Estudos assim são importantes para que, no futuro, os cientistas possam evitar a perda de massa óssea nos astronautas que saem em viagens espaciais de longa duração e até em casos de doença aqui na Terra. No entanto, Sara alerta: “por enquanto, ainda não podemos usar esse fator de crescimento em humanos, precisamos realizar outros testes”.