Não adianta apenas passar os olhos pela floresta. A missão é parecida com o velho dito popular “encontrar uma agulha no palheiro”: para achar esta flor, você vai precisar de muita atenção, e até de uma lupa. Estamos falando da Campylocentrum insulare, a orquídea com a menor flor já observada no planeta, medindo cerca de dois milímetros – mais ou menos a espessura de um grafite de lápis.
A planta, sem folhas, foi coletada em uma região de mata atlântica. Levada pelos pesquisadores a uma estufa na Universidade Federal de Santa Catarina, ela ficou aguardando para ser estudada com calma. Um dia, o biólogo Carlos Eduardo de Siqueira observou pontos brancos no vegetal. “Deve ser um fungo”, pensou. Ao analisá-los no microscópio, veio a surpresa: eram flores!
De pétalas brancas e centro amarelo, a orquídea foi estudada em detalhes e logo se viu que era uma espécie nova para a ciência. ”Até então, a orquídea com a menor flor do mundo era Platystele jungermannioides, da Guatemala, descoberta em 1912 com flores com cerca de 2,5 milímetros. Outra espécie minúscula é Campylocentrum minutum, do Peru, descoberta em 1930 com flores de três milímetros”, conta Carlos Eduardo.
A planta recém-descoberta, como outras orquídeas, vive sobre plantas maiores. Ela não tem folhas e parece uma pequena raiz, escondida nas sombras. Foi encontrada pelos pesquisadores enroscada num exemplar de outra orquídea, Pabstiella fusca, comum na Ilha de Santa Catarina.
A família das orquídeas é muito grande – tem mais de 25 mil espécies. Apesar de existirem algumas com flores pequeníssimas, a maioria possui flores maiores, como a Vanilla planifolia, que produz a baunilha – sua flor mede aproximadamente cinco centímetros de comprimento. “No Brasil, ocorrem espécies como Vanilla chamissonis, com flores de sete centímetros, e Cattleya labiata, com flores de 10 centímetros”, completa o biólogo.