Recentemente, uma nova categoria de objetos espaciais em regiões de formação de estrelas foi descoberta. Sem nome oficial, foram chamados provisoriamente de yellow balls (ou ‘bolas amarelas’, na tradução para o português). Acredita-se que são estruturas intermediárias na evolução de matéria que dá origem às estrelas.
Esses enormes aglomerados de gases e poeira estelar são mesmo impressionantes, mas o mais notável desta notícia não é a nova estrutura, e sim a forma como foi descoberta: por meio de “ciência cidadã”, um conceito na investigação científica que significa incluir pessoas comuns – ou seja, não especialistas – em pesquisas para processar o grande volume de informações que está disponível atualmente pelo enorme avanço da tecnologia.
Muito trabalho a fazer
Vamos entender como isso funciona. Imagine que você viu um pássaro no seu quintal, de um tipo que nunca tinha visto antes, e tirou uma foto dele. Até pouco tempo, você poderia mandar a foto impressa para um especialista ou um centro de pesquisa, com uma carta explicando como, onde e como viu o pássaro. Alguém iria analisar a informação para ver se realmente se trata de uma espécie nova na região ou não e adicionar no banco de dados existente. Isso levaria muitas semanas, com certeza.
O mesmo raciocínio se aplica a um meteorito que você viu cair, uma borboleta diferente que apareceu no seu jardim, uma joaninha que nunca tinha aparecido na sua região etc. Atualmente, com os recursos tecnológicos de que dispomos, este processo é muito mais rápido e eficiente: pessoas podem capturar a informação pelo próprio celular e enviar na hora para algum centro de pesquisa.
Imagine a quantidade de informação que chega diariamente para estes centros! Imagine, também, um instrumento que captura milhares de imagens por dia – como os telescópios espaciais. Aí surge um novo problema: como processar tamanho volume de informações? Não existem cientistas suficientes para analisar tudo isso!
Uma mãozinha para os pesquisadores
Aí entra a ciência cidadã. Existem mecanismos que permitem que qualquer pessoa possa ajudar na classificação e análise de informações, sejam elas coletadas por equipamentos ou enviadas por pessoas. Foi assim que as imagens do telescópio espacial Spitzer, que coleta uma imensa quantidade de informação todos os dias, foram analisadas inicialmente por pessoas voluntárias leigas, para depois os cientistas interpretarem estes resultados e tentar entender o que são as tais bolas amarelas identificadas nas imagens.
Antes delas, os cientistas cidadãos já haviam detectado regiões contendo bolas verdes com núcleo vermelho, um outro tipo de estrutura que os cientistas posteriormente interpretaram como uma outra fase no nascimento das estrelas.
Você, cientista
Se você quer ajudar nessas tarefas e ser um cientista cidadão, existem muitas formas. Basta ter uma conexão com a internet (se você está lendo este texto, é por que já tem!), falar um pouco de inglês e dedicar um pouco de tempo e atenção. Alguns projetos legais incluem identificação de corpos estelares e observação de borboletas-monarca. No Brasil, uma iniciativa bacana de ciência cidadã é o Sistema Urubu, que recolhe dados sobre animais silvestres atropelados nas rodovias do país.
Eu mesmo já ajudei a identificar alguns corpos espaciais, e gostei da experiência. A CHC já falou também de um projeto em que crianças ajudaram a compreender a ação do besouro rola-bosta na decomposição do cocô de vaca. E você, se interessa por alguma dessas iniciativas? Procure saber, na sua região, se há projetos precisando de voluntários!