Extra, extra: equipe de brasileiros entra numa fria! Calma, ninguém se meteu em confusão. Esses corajosos cientistas enfrentaram baixas temperaturas e outros desafios para instalar o primeiro módulo científico brasileiro no interior da Antártica. Batizado de Criosfera 1, o módulo é formado por aparelhos com alta tecnologia e tem a função de estudar como a poluição gerada pela América do Sul e outras regiões influencia no clima do continente gelado.
Os equipamentos funcionam sozinhos ou são operados por controle remoto aqui do Brasil. Durante o verão, usam energia gerada a partir da luz do sol, enquanto, no inverno, são movidos pela energia do vento. “Eles são capazes de registrar a temperatura, a velocidade do vento e até a concentração de poluentes como o gás carbônico ao longo do ano, enviando essas informações para os cientistas no Brasil”, conta o glaciólogo – especialista em gelo e neve – que lidera a pesquisa, Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Para completar a missão de instalar o Criosfera 1, os pesquisadores tiveram que dar duro em meio ao gelo. Depois de 11 dias de viagem e preparo para a expedição, eles passaram 30 dias dormindo em barracas e vestindo várias camadas de roupas especiais que retêm o calor gerado pelo corpo. “Os dez cientistas se reuniam dentro do módulo, que é um espaço bem apertado – mas pelo menos o lugar ficou quentinho”, brinca Jefferson. Na hora das refeições, a equipe usava uma das barracas para matar a fome com peixes e verduras enlatados, além de repolho e cenoura frescos.
Além do frio, a falta de água atrapalhou um bocado a expedição. Para matar a sede, os pesquisadores derretiam uma grande quantidade de neve ao longo do dia. Mas, na hora da higiene, economia era a palavra de ordem: parte da água era usada somente para escovar os dentes e lavar o rosto, obrigando os pesquisadores a ficar um mês sem tomar banho. Ainda bem que, com o frio, ninguém ficava suado…