Para descobrir uma nova espécie animal, nem sempre é preciso desbravar florestas desconhecidas ou se aventurar em mares distantes. Pesquisadores acabam de anunciar a descoberta de um novo inseto habitante de um lugar já muito estudado: a mata atlântica do Espírito Santo.
O inseto foi descoberto por acaso quando cientistas pesquisavam vespas e recebeu o nome científico de Austromerope brasiliensis. Ao se depararem com o bicho na armadilha, os pesquisadores logo perceberam que estavam diante de algo especial. Eles viram que os machos têm uma grande estrutura no final do abdome que provavelmente os ajuda a segurar a fêmea durante o acasalamento.
Para saber mais sobre a espécie, porém, será preciso encontrar outros exemplares. “Somente um inseto foi capturado e estudado, mas não sabemos nada sobre seus hábitos alimentares, reprodutivos, ecológicos…”, conta um dos responsáveis pela descoberta, o entomólogo Renato Machado, da Universidade de Agricultura e Mecânica do Texas, nos Estados Unidos.
Outras espécies da mesma família já haviam sido encontradas no mundo, mas nunca no Brasil: esses insetos estão presentes na América do Norte e na Austrália – lugares que, além de distantes do nosso país, apresentam habitats bem diferentes da mata atlântica.
Uma das possíveis explicações que os cientistas dão para esta distribuição é o fato de que, no passado da Terra, havia um único continente: a Pangeia, que mais tarde se separou e deu origem aos continentes que conhecemos hoje. Nessa separação, alguns animais ficaram em diferentes pedaços de terra e hoje estão distribuídos por lugares bem distantes. Além disso, já foi encontrado um fóssil de inseto dessa família do período jurássico – o que quer dizer que eles existem há mais de 145 milhões de anos.
“Um dos pontos mais importantes da descoberta desta espécie no Brasil é que ela reforça ainda mais a necessidade de preservação do nosso meio ambiente”, comenta Renato. “O bicho que foi coletado na região Sudeste – uma das mais estudadas do país e que, mesmo assim, ainda guarda segredos”.