Diversão não tem idade! Você já deve ter ouvido essa frase de algum adulto por aí. Pois saiba que não tem idade e nem lugar para acontecer, como comprovou uma pesquisa feita com povos indígenas brasileiros. Ao percorrer aldeias do país, uma equipe de pesquisadores catalogou brinquedos e brincadeiras que divertem a garotada lá.
“Durante 15 anos, um estudo desse tipo foi feito com povos do mundo inteiro. Mas ficaram de fora, por exemplo, os países da América do Sul”, explica Maurício Lima, coordenador do projeto Jogos Indígenas Brasileiros, que realizou a pesquisa no Brasil. Ele teve a idéia de fazer o levantamento dos jogos e brincadeiras dos índios do nosso país durante um encontro em que ficou conhecendo o “jogo da onça e do cachorro”, com o qual os índios Bororos, da aldeia Meruri, no Mato Grosso, se divertem.
Esse jogo, que só existe no Brasil, é muito parecido com uma brincadeira dos incas – antiga civilização que viveu nos Andes, no Peru. Para brincar, basta riscar um tabuleiro no chão – parecido com o de xadrez – e ter em mãos 15 pedras: uma representa a onça e as outras, os cachorros. A onça tem de comer os cachorros enquanto eles a encurralam. Ganha quem capturar mais peças.
Em busca de autênticos jogos indígenas como esse, os pesquisadores do projeto brasileiro visitaram oito aldeias indígenas e catalogaram muitas brincadeiras. Entre elas, o quebra-cabeça, dos índios Canela, no Maranhão; o jogo de dado, dos Pareci, no Mato Grosso e o jogo da banana, dos Ticuna, no Amazonas.
O Poï Aru Nhagü, como é conhecido o jogo da banana entre os Ticuna, tem características que lembram a queimada. Diante de uma pilha de rodelas de banana, duas duplas se confrontam: uma tenta impedir que a outra derrube as rodelas da fruta Ao mesmo tempo, outros participantes, que estão ao redor e se dividem entre os que querem defender a pilha de bananas e os que querem derrubá-la, procuram atingir os adversários com uma bola feita com pedaços de pano, para eliminá-los.
Além de jogos como o da banana, a visita às aldeias revelou também brinquedos fabricados pelos próprios índios, como piões feitos de frutas e varas de bambu ou zunidores, que são uma espécie de disco feito com o fundo de uma cabaça (a casca muito dura de frutos); para brincar com o zunidor, basta girá-lo, o disco emite um som próprio. Também feitos pelos índios, os bilboquês são brinquedos formados de uma bola, com um furo no fundo, ligada por uma corda a um pequeno bastão de madeira. Para brincar, basta jogar a bola para o alto e tentar encaixá-la no bastão. Além disso, os pesquisadores encontraram também dobraduras feitas de folhas de uma planta chamada buriti que representam animais e petecas confeccionadas nas aldeias.
Para quem ficou curioso e quer saber mais sobre a pesquisa, vale a pena visitar o site www.jogosindigenasdobrasil.art.br, que conta detalhes do projeto. Além disso, as escolas públicas podem receber kits com os jogos e uma cartilha explicando como cada um deles foi encontrado e o modo de jogar. Para ter acesso a esse material basta entrar em contato com o Ministério de Educação (veja abaixo).
Fale com o seu professor: quem sabe no próximo intervalo, a turma toda não se diverte com uma brincadeira vinda de alguma aldeia indígena?!
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