Não é só gente que tem vontade de ter uma casa no alto da rocha e de frente para o mar. Muitos animais também invejam essa paisagem e vão construir seus lares nos grandes paredões de rocha que existem entre o mar e a terra em algumas praias – também conhecidos como costões rochosos. Além disso, esses lugares também funcionam como um grande berçário, pois abrigam inúmeras espécies animais que se reproduzem ali.
Pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo fizeram um estudo sobre os costões rochosos que existem na costa paulista e sobre a sua importância na vida dos animais. O biólogo Wagner Vilano, que coordenou a pesquisa, explica que os costões foram formados há mais ou menos 130 milhões de anos, quando o Brasil e a África, que eram grudados e formavam um único continente chamado Gondwana, se separaram.
Hoje, espécies de peixes, moluscos e crustáceos encontram nesses locais uma grande quantidade de microrganismos que servem de comida, como os fitoplânctons e os zooplânctons, além de conseguirem abrigo dentro de fendas para se protegerem dos predadores. “Por isso, esses ambientes são importantes locais de alimentação, crescimento e reprodução de um amplo número de espécies marinhas”, garante Wagner.
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Tudo isso faz com que os costões rochosos sejam escolhidos por animais como caranguejos e estrelas-do-mar para o momento de colocar mais filhotes no mundo. Enquanto não estão prontos para enfrentar os perigos do alto-mar, os filhotes crescem ao abrigo das pedras presentes nos costões.
Uma coisa, porém, ameaça a vida nesses santuários da vida aquática: a ação do homem – por exemplo, as construções e o despejo de lixo e esgoto nesses locais. “Os costões rochosos são ambientes naturalmente sensíveis e vulneráveis, e são constantemente ameaçados por poluição, seja pelo vazamento de produtos derivados de petróleo ou por efluentes domésticos e industriais”.