Seja sentindo o delicioso cheiro de bolo saindo do forno ou o fedor do cocô do seu cachorro, você já deve ter percebido que o nariz humano consegue identificar diferentes odores. Mas você saberia dizer quantos? Pois um estudo norte-americano descobriu que são muitos: cerca de um trilhão.
Coordenado pelo biólogo Andreas Keller, da Universidade Rockefeller, em Nova York, nos Estados Unidos, a pesquisa mostrou que o olfato é nosso sentido mais aguçado. Enquanto o olho humano conta com apenas três receptores capazes de identificar as cores vermelha, azul e verde, o nariz tem mais de 400 receptores olfativos que se combinam entre si para perceber os diferentes aromas. “As combinações possíveis são muito maiores, por isso sentimos mais cheiros do que enxergamos cores”, explica o pesquisador.
Segundo o otorrinolaringologista Fábio Pinna, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os receptores olfativos são responsáveis por identificar as moléculas odoríferas presentes no ar. “Elas entram em contato com receptores em nosso nariz, o que gera um sinal elétrico enviado até o cérebro, onde o cheiro é interpretado e identificado”, explica.
Que cheiro é esse?
Para descobrir quantos cheiros podemos sentir, Andreas reuniu 26 voluntários e cada um tinha que cheirar três frascos com líquidos que exalavam cheiros. “Dois desses frascos tinham a mesma mistura e o mesmo cheiro, enquanto o terceiro era diferente”, conta. “Pedimos para que cada pessoa identificasse qual frasco era diferente.”
Em alguns casos, no entanto, o frasco diferente tinha mais da metade de suas moléculas odoríferas iguais às dos outros – ou seja, um cheiro bem parecido. “Mesmo assim, os voluntários conseguiram identificá-los”, diz Andreas. “A partir daí, calculamos quantas combinações de moléculas odoríferas eram possíveis, levando em conta essa capacidade de distinguir entre elas e chegamos a um resultado de um trilhão de cheiros.”
Pode parecer muito, mas nosso nariz não está entre os mais potentes do reino animal – muitos bichos têm bem mais receptores olfativos do que nós. Fábio explica que isso provavelmente é reflexo da evolução: “Com o passar do tempo, fomos deixando de precisar do olfato para atividades como a caça, por exemplo, e o olfato deixou de ser tão essencial para a sobrevivência”, completa.