A bola da vez

Desde 1966, cada Copa do Mundo de Futebol tem seu mascote – palavra originária do francês (i)mascotte(/i), que por sua vez vem de (i)mascoto(/i) (“amuleto da sorte”), um termo de uma antiga língua hoje pouco falada, chamada provençal. Para a edição de 2014, foi escolhido como mascote o tatu-bola Fuleco, cujo nome é uma mistura de “futebol” e “ecologia”. (ilustração: FIFA)

Desde 1966, cada Copa do Mundo de Futebol tem seu mascote – palavra originária do francês (i)mascotte(/i), que por sua vez vem de (i)mascoto(/i) (“amuleto da sorte”), um termo de uma antiga língua hoje pouco falada, chamada provençal. Para a edição de 2014, foi escolhido como mascote o tatu-bola Fuleco, cujo nome é uma mistura de “futebol” e “ecologia”. (ilustração: FIFA)

A cada quatro anos, as seleções com os melhores jogadores de futebol de vários países participam de uma disputa que atrai a atenção de todo o planeta: a Copa do Mundo. As torcidas enchem os estádios ou se reúnem em frente à televisão para ver os times em campo, em busca da vitória. É a maior festa!

Em 2014, o Brasil foi escolhido para sediar a Copa e, para ajudar a divulgar o evento, convocou um mascote – o tatu-bola-da-caatinga. Antes de os atletas mostrarem tudo o que sabem fazer com a bola, eu pergunto: e você, o que sabe sobre tatus?

Existem hoje cerca de 20 espécies de tatus, pertencentes a um grupo de mamíferos conhecido como Cingulata (“que possuem cintas”, em latim). Eles recebem esse nome porque todos os tatus têm uma carapaça, formada por cintas de placas ósseas intercaladas por dobras de pele que lhe dão mobilidade. No caso dos tatus-bola, a mobilidade é tanta que eles conseguem se enrolar em uma verdadeira bola quando se sentem ameaçados. Assim, protegem as partes vulneráveis do corpo contra um predador.

A palavra tatu tem origem na língua indígena tupi e significa “casco forte”. Como existem várias espécies de tatus, aquelas mais facilmente identificáveis acabaram ganhando dos indígenas nomes complementares. As espécies de tatu-bola, por exemplo, são conhecidas também como tatuapara, ou seja, “tatu que se dobra” ou “tatu torto”. (foto: Mark Payne-Gill / Associação Caatinga)

A palavra tatu tem origem na língua indígena tupi e significa “casco forte”. Como existem várias espécies de tatus, aquelas mais facilmente identificáveis acabaram ganhando dos indígenas nomes complementares. As espécies de tatu-bola, por exemplo, são conhecidas também como tatuapara, ou seja, “tatu que se dobra” ou “tatu torto”. (foto: Mark Payne-Gill / Associação Caatinga)

A escolha do tatu-bola-da-caatinga como mascote da Copa do Mundo não foi à toa. Além de ter a capacidade de se enrolar como uma bola de futebol, essa espécie só existe no Brasil – principalmente na Caatinga, mas também em algumas áreas do Cerrado do nordeste do país – e está ameaçada de extinção. Assim, além de divulgar a maior competição mundial de futebol, nosso tatu-bola chama a atenção de todos para a importância de conservar os ambientes naturais onde vive.

(i)Tolypeutes tricintus(/i) é uma pequena espécie de tatu, com cerca de 25 centímetros de comprimento, encontrada apenas no nordeste do Brasil. Durante anos pensou-se que estivesse extinta, até ser reencontrada por pesquisadores na década de 1990. Atualmente, é considerada ameaçada de extinção. (foto: Mark Payne-Gill / Associação Caatinga)

(i)Tolypeutes tricintus(/i) é uma pequena espécie de tatu, com cerca de 25 centímetros de comprimento, encontrada apenas no nordeste do Brasil. Durante anos pensou-se que estivesse extinta, até ser reencontrada por pesquisadores na década de 1990. Atualmente, é considerada ameaçada de extinção. (foto: Mark Payne-Gill / Associação Caatinga)

Os cientistas chamam o tatu-bola-da-caatinga de Tolypeutes tricinctus. Tolypeutes é uma palavra grega que significa “o que se enrola”, em alusão à forma de defesa desses animais. Já tricinctus vem do latim “três cintas”, porque, no meio da carapaça dos tatus-bola, é possível observar três fileiras (cintas) de placas ósseas.

Mas Tolypeutes tricinctus não é a única espécie de tatu-bola. Há ainda uma segunda, chamada Tolypeutes matacus, conhecida como tatu-bola-do-sul, encontrada na Bolívia, no Paraguai, na Argentina e no sudoeste brasileiro, em regiões de Cerrado, Pantanal e Chaco. Seu nome é uma homenagem ao povo indígena Wichí, também denominado Mataco, que vive na Argentina e na Bolívia.

Tolypeutes matacus é muito parecido com Tolypeutes tricinctus. A principal diferença entre as duas espécies é que, enquanto a primeira possui três ou quatro dedos nas patas dianteiras, a última tem cinco. (foto: Michael Durham)

(i)Tolypeutes matacus(/i) é muito parecido com (i)Tolypeutes tricinctus(/i). A principal diferença entre as duas espécies é que, enquanto a primeira possui três ou quatro dedos nas patas dianteiras, a última tem cinco. (foto: Michael Durham)

Nem é preciso dizer que não vai faltar torcida pela seleção brasileira nesta copa. Mas que tal você fazer parte da torcida pela conservação do tatu-bola-da-caatinga? Retirar esta espécie da lista de animais ameaçados de extinção seria um golaço! Saiba mais, clicando na página da campanha Eu Protejo o Tatu-Bola, da Associação Caatinga.