Muitas espécies de aves são consideradas migratórias. Isso quer dizer que, todos os anos, elas viajam por até milhares de quilômetros em busca de alimento e boas condições climáticas. As migrações geralmente ocorrem no inverno, quando as aves que vivem em regiões muito frias, como próximo aos polos, buscam áreas mais quentinhas e com maior disponibilidade de alimento.
![A lagoa do Peixe possui 35 quilômetros de extensão e é cercada por matas de restinga, dunas, praias e banhados. Ela é um importante berçário para várias espécies de invertebrados e pequenos peixes, que por sua vez servem de alimento a muitos outros animais. (foto: Arquivo PNLP / http://parnalagoadopeixe.blogspot.com.br/)](http://chc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/figura-1-600x396.jpg)
A lagoa do Peixe possui 35 quilômetros de extensão e é cercada por matas de restinga, dunas, praias e banhados. Ela é um importante berçário para várias espécies de invertebrados e pequenos peixes, que por sua vez servem de alimento a muitos outros animais. (foto: Arquivo PNLP / http://parnalagoadopeixe.blogspot.com.br/)
Por ser um país onde o clima é relativamente quente durante o ano todo, o Brasil é o destino de milhões de aves migratórias vindas da Patagônia e principalmente da América do Norte. Mas, mesmo em um país tropical como o nosso, não é fácil encontrar locais capazes de fornecer pouso seguro e alimento para bandos e mais bandos de aves famintas. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe, localizado no litoral do Rio Grande do Sul, é um desses lugares especiais.
A lagoa do Peixe, que dá nome ao parque, é na verdade uma laguna, pois está ligada ao mar por um canal. Cercada por dunas e vegetação de restinga, ela é um verdadeiro paraíso para as aves migratórias. Isso porque suas águas rasas – com no máximo 60 centímetros de profundidade – são o berçário de camarões e pequenos peixes, além de conter abundância de algas, plâncton, moluscos e caranguejos: um verdadeiro banquete para as aves viajantes!
![Bandos de maçaricos-de-papo-vermelho (<i>Calidris canutus</i>) podem ser vistos na lagoa do Peixe entre março e abril. Depois de se alimentarem durante um mês eles ganham energia suficiente para um voo direto – isso mesmo, sem pousar! – de cinco dias até os Estados Unidos. (foto: Don Faulkner / Flickr / CC BY-SA 2.0)](http://chc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/figura-2-600x402.jpg)
Bandos de maçaricos-de-papo-vermelho (Calidris canutus) podem ser vistos na lagoa do Peixe entre março e abril. Depois de se alimentarem durante um mês eles ganham energia suficiente para um voo direto – isso mesmo, sem pousar! – de cinco dias até os Estados Unidos. (foto: Don Faulkner / Flickr / CC BY-SA 2.0)
Toda essa fartura de alimento é essencial para aves como maçaricos, batuíras, trinta-réis, flamingos, marrecos, gansos e cisnes, que precisam acumular bastante energia antes de iniciarem suas longas jornadas. Ao todo, já foram registradas cerca de 275 espécies de aves no parque, das quais 35 são migratórias.
![Os flamingos-chilenos (<i>Phoenicopterus chilensis</i>) são aves migratórias que vem da Patagônia para se alimentar na Lago do Peixe. Algas e pequenos crustáceos dos quais eles se alimentam são ricos em pigmentos chamados carotenoides, os responsáveis pela coloração rosada de suas penas. (Foto: Guilherme Porcher / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0)](http://chc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/figura-3-600x400.jpg)
Os flamingos-chilenos (Phoenicopterus chilensis) são aves migratórias que vem da Patagônia para se alimentar na Lago do Peixe. Algas e pequenos crustáceos dos quais eles se alimentam são ricos em pigmentos chamados carotenoides, os responsáveis pela coloração rosada de suas penas. (Foto: Guilherme Porcher / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0)
O Parque Nacional da Lagoa do Peixe também abriga outros tipos de animais como jacaré-do-papo-amarelo, tamanduá-mirim, lontra e um simpático roedor chamado de tuco-tuco-branco, que corre risco de extinção. Espécies marinhas também são avistadas com frequência nas praias do parque, como baleias-francas, tartarugas, toninhas, lobos e leões-marinhos.
![O farol de Mostardas é uma das atrações do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Ele começou a funcionar no ano de 1894 e até hoje é uma importante referência para as embarcações que passam pelo litoral do Rio Grande do Sul. (foto: Miriam Souza / Wikimedia Commons / CC BY 2.0)](http://chc.org.br/wp-content/uploads/2016/09/figura-4-600x400.jpg)
O farol de Mostardas é uma das atrações do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Ele começou a funcionar no ano de 1894 e até hoje é uma importante referência para as embarcações que passam pelo litoral do Rio Grande do Sul. (foto: Miriam Souza / Wikimedia Commons / CC BY 2.0)
Tem sido cada vez mais difícil para as aves migratórias concluírem suas viagens intercontinentais, principalmente devido ao crescimento das cidades nas áreas litorâneas e a diminuição das fontes de alimento ao longo do trajeto. Por isso é tão importante preservar lugares como a lagoa do Peixe, que poderia muito bem ser chamada de “lagoa das Aves”!