Da Bahia para a Alemanha
Em 1819, enquanto viajava pela Bahia com seu colega Carl F. P. von Martius, o pesquisador alemão Johann Baptist von Spix encontrou um exemplar de ararinha-azul. Na época, a ciência ainda não tinha batizado esta espécie, e Spix não percebeu que se tratava de uma arara diferente das outras. Ele pensava que havia encontrado um indivíduo da arara-azul-grande.
Alguns anos depois, o cientista Johann Georg Wagler passou a estudar o material que Spix levou para a Alemanha após sua viagem pelo Brasil. Lá, Wagler percebeu que a arara encontrada por Spix na Bahia era uma espécie nova, e então a descreveu em um trabalho científico.
A palavra ararinha é um diminutivo em português da palavra arara, cuja origem é indígena. Os indígenas podem ter criado o nome arara devido à voz de algumas espécies, que emitem um som parecido com “ará”. Mas arara pode ter surgido também a partir da abreviação da palavra guirá (“pássaro”), que virou ará. Arara seria então o aumentativo de ará, indicando um “pássaro grande”, já que algumas espécies de araras têm grande tamanho.
Hoje, a ararinha-azul é conhecida pelos pesquisadores como Cyanopsitta spixii. O nome do gênero (Cyanopsitta) significa “papagaio azul-escuro” em grego, enquanto o nome específico (spixii) é uma homenagem de Wagler ao amigo Spix.
Raridade
Desde a viagem de Spix pelo Brasil, poucos foram os registros de Cyanopsitta spixii. Durante algumas décadas, ninguém a viu na natureza, até que três indivíduos foram reencontrados em 1986. Em 1990, o último exemplar foi visto e passou a ser acompanhado, até desaparecer em 2000. A destruição das matas às margens dos riachos da região onde a ararinha-azul vivia e o tráfico de animais silvestres foram os principais responsáveis pela extinção desta espécie na natureza.
Um pouco de esperança
A ararinha-azul desapareceu da natureza, mas ainda não foi extinta. Restam aproximadamente 80 indivíduos da espécie criados em cativeiro, como parte de um programa de conservação realizado em vários países. Com o nascimento de filhotes, espera-se que aos poucos a população da ararinha aumente, e que, no futuro, a espécie possa ser reintroduzida em seu habitat natural. Se isso ocorrer, nosso céu voltará a ficar mais azul.
O filme Rio, que chega aos cinemas este mês, conta a estória de Blu, um macho de ararinha-azul que vive em cativeiro nos Estados Unidos, e nunca aprendeu a voar. Na tentativa de ajudar a salvar a espécie, Blu é trazido para o Brasil para encontrar uma fêmea, Jade. Os dois acabam sendo sequestrados por traficantes de animais e juntos vão passar por muitas aventuras!
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!