Quando criança, eu gostava de passar as tardes na casa de minha vó Chiquinha e sempre ia para lá após a escola. Além do cheirinho de pão fresco e de torresmo que vinham de sua cozinha, nas vizinhanças, encontrava-me com vários amigos: Luizinho, Neném, Lula, Manelzão e tantos outros que hoje já fazem parte de minha pré-história.
Com estes amigos, as conversas eram intermináveis e as idéias mais estranhas e mirabolantes sempre surgiam a partir dali:
– “Se cavarmos um buraco bem fundo, sairemos do outro lado do mundo. Vai ser lá na China” – afirmava Lula, sem duvidar.
Mais desconfiado, Manelzão dizia: “Duvido… DU – VI – DE – O – DÓ!”
– “Minha mãe disse que, se cavarmos bem fundo, vamos chegar ao inferno” – testemunhava Neném.
Como as dúvidas eram muitas e não havia como solucionar tamanho problema existencial – se encontraríamos os chineses ou então a moradia do capeta –, decidimos fazer um buraco. Exato, íamos escavar um buraco, tão profundo, mas tão profundo, que nos levaria aonde nenhum conhecido nosso havia chegado: ao centro da Terra ou então à China!

Cavar, cavar, cavar… Estávamos determinados a resolver a questão do que havia em direção ao centro da Terra. (foto: GJ Charlet III / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0 )
A grande aventura iniciou-se numa manhã de sábado, no terreno baldio que ficava ao lado da casa de minha avó. Após planejarmos tudo, decidimos que a escavação se iniciaria na sombra de um abacateiro. Teríamos, assim, a proteção contra o sol e os galhos serviriam para a amarração das cordas que nos ajudariam a fixar as roldanas para nosso transporte pelas profundezas da Terra.
Com uma enxada, uma pá e algumas latas, começamos com determinação. Bate daqui, raspa dali e em pouco tempo as surpresas do interior da Terra: minhocas, uma cobra-sem-cabeça e raízes para todos os lados. Mais e mais amigos se juntavam a nós e quem passava pelo local até estranhava aquela criançada cavando sem parar. E, assim, permanecemos por quase um mês. Cavamos, cavamos, cavamos e o buraco só aumentava. Mas afinal o que encontramos?

Afinal, o que encontraríamos em direção ao centro da Terra? Chegaríamos à China ou encontraríamos o inferno? (foto: Evan / Flickr / CC BY-ND 2.0 )
Se pudéssemos escavar tão fundo que fôssemos para o interior da Terra, perceberíamos que nosso planeta é formado por diferentes zonas, com rochas e temperaturas que são progressivamente mais quentes. As três principais áreas são: a crosta terrestre, o manto e o núcleo.
Vivemos sobre a crosta terrestre. Em sua superfície, ocorrem todos os processos naturais com que convivemos: as águas, ventos, mares e a atividade dos organismos. Já em seu interior se manifestam os fenômenos que por vezes são muito destrutivos para a superfície, tais como os terremotos e os vulcões.
Se conseguíssemos nos aprofundar mais de 90 quilômetros, chegaríamos então ao manto terrestre, o qual é formado por rochas cujas temperaturas atingem até 3,4 mil graus Celsius. Um pouco mais fundo, a partir de 2,9 mil quilômetros, estaríamos prestes a adentrar o núcleo terrestre, cujo centro, localizado a quase 6,4 mil quilômetros de profundidade, tem temperaturas em torno dos 6 mil graus Celsius, semelhante àquelas encontradas na superfície do Sol. Nem mesmo o inferno deve ser tão quente!

A Terra é constituída por diferentes zonas: crosta, manto e núcleo, que possuem composição e temperaturas diferentes. (imagem original: Charles C / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 )
Mas alguém já viu ou pegou alguma rocha vindo destas profundezas? Realmente, não. No entanto, por meio dos estudos de geofísica e da propagação das ondas sísmicas geradas pelos terremotos, sabemos que a constituição da Terra se modifica com a profundidade. Além disso, a escavação de poços com pouco mais de 11 quilômetros de profundidade mostram que a temperatura no interior de nosso planeta aumenta progressivamente.
E então, o que encontramos na escavação que fizemos no terreno ao lado da casa de vó Chiquinha? Bem, após dois meses cavando e formando até um túnel que se desenvolvia na horizontal, fomos surpreendidos por um chinês! Bem, não era um chinês de verdade e sim o senhor Akira, um japonês dono da mercearia do outro lado da rua que falava coisas incompreensíveis.

Não chegamos ao centro da Terra, mas a inundação que provocamos deve ter feito com que por lá ficasse bem mais fresco! (foto: Pulpolux / Flickr / CC BY-NC 2.0 )
Quase como numa tradução instantânea de japonês para português, percebemos o que acontecia. Havíamos acabado de estourar o encanamento de água da rua. Se não chegamos à China, naquele dia com certeza não faltou água no centro da Terra!
Luísa Ladeia
Amei! Do CHC eu acho que foi o mais interessante e o mais legal que eu já li!
Publicado em 16 de novembro de 2020
Enrico Barros
Enrico Barros-Colégio Franciscano PioXII
Uau ! Que aventura hein! Gostaria de ter participado também!!!
Publicado em 16 de novembro de 2020
Alice Brant
Nossa imagina só todo mundo da escola cavar um buuuuuuuuuracooooo bem fundo! A gente já estaria morto ! Lá é muitoooooooo quente se aqui na superfície já é quente imagina no centro da terra !??!!!
Publicado em 16 de novembro de 2020
JOCA bovone candido da silva
eu queria muito chegar ate o manto
Publicado em 16 de novembro de 2020
Maria Eduarda Menezes
Que legal deve ser muito quente mesmo na centro da terra deve ser la o lugar mais quente de todos e eu achei bem interessante gostei de saber mais mais vamos combinar é la que ninguém passa frio
Publicado em 16 de novembro de 2020
Manuela Solla
legal
Publicado em 16 de novembro de 2020
Eliana Rodrigues de Sousa
É muito legal
Publicado em 29 de abril de 2021
Nicolas 601
Legal, mas eu não consegui ler totalmente tudo, porém, entendi
Publicado em 15 de fevereiro de 2022