Um deles foi a descoberta de uma espécie de lagarto brasileiro, o Eurolophosaurus divaricatus, apresentado à comunidade científica no finalzinho de novembro de 1986, exatamente o mês em que a CHC apareceu pela primeira vez nas bancas.
A região onde o Eurolophosaurus divaricatus ocorre faz parte da Cadeia do Espinhaço, um longo conjunto de serras com mais de mil quilômetros de extensão, que vai do centro-sul de Minas Gerais até o centro da Bahia. Ela ganhou esse nome por lembrar uma grande espinha dorsal formada por montanhas, e foi batizada pelo alemão Wilhelm Ludwig von Eschwege, que veio ao Brasil no início do século 19, a convite do príncipe regente Dom João VI. Em nosso país, o Barão de Eschwege (como ficou conhecido) se tornou diretor das minas de ouro de Minas Gerais e liderou muitos estudos sobre geologia e mineralogia.
Voltando ao nosso lagarto, o nome Eurolophosaurus significa “lagarto da cordilheira leste”, justamente uma referência a essa cadeia de montanhas do leste brasileiro.
Já a história do nome divaricatus é diferente. Quando o biólogo Miguel Trefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo, descobriu este lagarto e o comparou com outras espécies, achou-o tão distinto dos demais que resolveu dar-lhe o nome específico divaricatus, que quer dizer “separado” ou “afastado”, em latim. E não é para menos: estudos mostraram que o ancestral de Eurolophosaurus divaricatus se separou dos ancestrais das outras duas espécies conhecidas do gênero Eurolophosaurus por volta de 5,4 a 9,5 milhões de anos atrás.
Apesar de ter sido batizada no mesmo ano em que a CHC nasceu, a espécie Eurolophosaurus divaricatus na verdade surgiu alguns milhões de anos antes da revista.
Vai faltar espaço para tanta vela no bolo, não acha?
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
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