Se encontrar um esqueleto completo de dinossauro já é uma raridade, dar de cara com partes de crustáceos pré-históricos em boas condições é como ganhar na loteria. No entanto, foi exatamente isso que cientistas do Ceará conseguiram. Ao escavar o sertão do Cariri, acharam um camarão fossilizado em perfeito estado. Foi a maior descoberta do tipo já registrada, e tudo indica que o animal pertence a uma nova espécie.
Segundo o paleontólogo Antônio Álamo, da Universidade Regional do Cariri, a preservação de crustáceos pré-históricos é muito difícil. “O camarão não possui partes duras, como ossos, o que deveria ter facilitado muito sua decomposição”, diz. “Essa descoberta é algo muito especial”.
Álamo explicou que o estado de preservação do fóssil poderia ser possibilitado, em parte, por mudanças no ambiente em que o crustáceo vivia. “No passado, aquela era uma região lagunar, com água de mistura doce e salgada, que era invadida pelo mar constantemente”, afirma. Isso provocava muitas mortes, já que o habitat dos animais ficava desequilibrado. “Sabemos que, em um determinado momento, as alterações foram tão grandes que até os organismos decompositores – seres que se alimentam de cadáveres – não resistiram”, completa.
Mas a falta de organismos decompositores no ambiente não seria suficiente para que o camarão permanecesse intacto. De acordo com Álamo, o animal possuía decompositores dentro da própria barriga. Por que esses organismos não se alimentaram do corpo, deixando-o preservar-se por muitos milhões de anos? Isso os pesquisadores ainda não conseguiram encontrar!
Tubarão cearense
E o Ceará não para de dar trabalho aos paleontólogos – ainda bem! Outra descoberta recente é a de uma nova espécie de tubarão pré-histórico de água doce, de cerca de 130 milhões de anos atrás. O animal, encontrado na bacia de Lima Campos, provavelmente media menos de um metro e sua identificação foi feita pela análise dos dentes.