De férias na areia

Belas praias tropicais e porções de floresta, cerrado e mangue: assim é a paisagem do estado do Maranhão, onde está o único deserto do mundo com milhares de lagoas de água cristalina. A região, conhecida como Lençóis Maranhenses, atrai não só os turistas, mas também uma grande variedade de espécies animais. Tartarugas, por exemplo, são grandes frequentadoras, e fazem dos Lençóis o local favorito na hora de terem seus filhotes.

A jurará, também chamada de muçuâ, é uma tartaruga que gosta de se enterrar na lama em épocas de seca. Por isso, geralmente é encontrada em regiões de poças e brejos do Maranhão (Foto: Queamar)

A jurará, também chamada de muçuâ, é uma tartaruga que gosta de se enterrar na lama em épocas de seca. Por isso, geralmente é encontrada em regiões de poças e brejos do Maranhão (Foto: Queamar)

Para entender melhor os hábitos das tartarugas que passam pelos Lençóis e por outras regiões próximas, como a Ilha de Curupu, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão acompanha de perto essas visitas. A bióloga Larissa Barreto, coordenadora do projeto, conta que a pesquisa é realizada em cinco regiões diferentes espalhadas pelo litoral e interior do estado. “As tartarugas marinhas e de água doce são encontradas em diversos tipos de habitats, incluindo lagoas, rios, marés e dunas. Por isso, desenvolvemos pesquisas em diferentes localidades”, explica.

Entre as espécies de tartarugas mais frequentes na região costeira do estado, Larissa destaca o jurará (Kinosternon scorpioides) e a pininga (Trachemys adiutrix), de água doce. “Além disso, todas as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil já foram encontradas no Maranhão”, completa.

A pininga é uma espécie semi-aquática que tem preferência pelas regiões de dunas ricas em vegetação, como os Lençóis Maranhenses. Ela tem o hábito de se enterrar na areia e sair na época de chuvas (Foto: Queamar)

A pininga é uma espécie semi-aquática que tem preferência pelas regiões de dunas ricas em vegetação, como os Lençóis Maranhenses. Ela tem o hábito de se enterrar na areia e sair na época de chuvas (Foto: Queamar)

O trabalho dos cientistas com as tartarugas de água doce inclui monitorar as populações de bichos e seus hábitos alimentares. “A maioria come carne de peixes e crustáceos quando jovem. Já na idade adulta, as tartarugas se tornam preferencialmente herbívoras”, revela a coordenadora.

Segundo Larissa, o projeto observou que a principal ameaça às tartarugas é a poluição de seu habitat natural, seguida da captura de animais. As espécies marinhas são as mais ameaçadas, principalmente por redes de pesca.