O tatu-canastra existe em diversos estados brasileiros e em mais 10 países da América do Sul. Mas é cada vez mais difícil encontrar ambientes preservados, onde ele consiga alimento e abrigo para viver e se reproduzir em paz, sem ameaças de caça, envenenamentos ou mesmo atropelamentos.
Para aprender mais sobre o tatu-canastra, conhecer seus hábitos, seu comportamento e seus caminhos no Mato Grosso do Sul, iniciamos o Projeto Tatu-Canastra, em 2010, na fazenda Baía das Pedras, município de Aquidauana. Esta é a primeira pesquisa de longo prazo feita sobre esse animal extremamente raro.
Você quer saber como encontramos e seguimos os bichos? Ora, usamos radiotransmissores e câmeras com sensores de movimento, procuramos dentro de buracos, monitoramos os cupinzeiros e os locais preferidos por eles, além de desenharmos mapas e entrevistarmos os moradores das fazendas. E, quando conseguimos capturar um, tiramos medidas e amostras de sangue, para saber se estão bem de saúde.
Nesses anos de estudo, já fizemos algumas descobertas interessantes. Descobrimos, por exemplo, que os buracos cavados pelo tatu-canastra e os montes de areia acumulados ao lado são usados por mais de 40 espécies de animais diferentes. Para alguns – como o tamanduá-mirim, a cotia, a irara, a jaguatirica, a raposinha e tatus menores – aquelas tocas servem para descansar e escapar do calor. A temperatura dentro dos buracos está sempre em torno de 25 graus centígrados, ou seja, é fresca e agradável, esteja quente ou frio lá fora.
Os outros animais também usam os buracos para escapar de predadores ou para se esconder de eventuais ameaças, como queimadas. Quanto aos montes de material retirado do buraco pelos tatus, estes servem como áreas de lazer, proporcionando verdadeiros banhos de areia para queixadas ou tamanduás-bandeira.