“Como você sabe qual era a cor de um animal extinto?” Essa pergunta, que já me foi feita várias vezes em palestras sobre fósseis, tem uma resposta meio frustrante. A verdade é que não sabemos ao certo! Mas isso pode estar prestes a mudar.
Pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, concluíram que três espécies de répteis marinhos extintos – uma tartaruga-de-couro, um ictiossauro e um mosassauro – tinham coloração predominantemente escura. Isso foi possível porque os fósseis estudados conservavam parte do tecido mole que revestia o corpo dos animais.
O mais antigo dos fósseis é parte de um ictiossauro, um réptil com idade entre 196 e 190 milhões de anos, habitante de águas profundas. O segundo era o mosassauro, pertencente a um grupo de lagartos bem adaptados à vida no mar – ele media cerca de 11 metros e viveu há cerca de 86 milhões de anos. Por fim, o terceiro fóssil era um exemplar de tartaruga-de-couro de 55 milhões de anos.
Entre os ossos bem preservados dos animais, os cientistas encontraram uma substância escura. Ao analisá-la no microscópio, observaram organelas chamadas melanossomas, muito parecidas com as que encontramos na pele de espécies vivas de tartaruga-de-couro. Elas são responsáveis pela coloração escura desses animais e, por isso, os pesquisadores concluíram que os bichos fossilizados também tinham a pele escura.
Saber as cores de animais que viveram no passado não serve só para matar a curiosidade. Nas espécies atuais, as cores têm várias funções, relacionadas, por exemplo, ao acasalamento ou à camuflagem, entre outras. Então, ao descobrirmos a coloração dos bichos pré-históricos, podemos descobrir detalhes que vão além da aparência.
Os cientistas ainda tentam descobrir o porquê da coloração escura dos répteis estudados. Uma possível explicação é que a pele escura proporcionaria maior absorção de calor, e que assim os animais teriam mais facilidade de controlar sua temperatura corporal.