Destino: Estação Espacial Internacional

Marcos Pontes com a Estação Espacial Internacional ao fundo: o astronauta brasileiro já está a bordo!

Não é mentira: no dia 1º de abril, sábado, às três horas da madrugada, o astronauta Marcos César Pontes desembarcou na Estação Espacial Internacional (ISS). A chegada neste centro de pesquisa misturado a hotel, localizado a 350 quilômetros da Terra, era aguardada com ansiedade por todo o Brasil e, claro, pelos três astronautas a bordo da nave russa Soyuz TMA-8. Não só pelo trabalho que o trio tem a realizar por lá, mas também porque eles talvez estejam com a maior vontade de dar uma voltinha – ou uma “flutuadinha”. Afinal, você sabia que, desde a partida da Terra, Marcos e seus dois companheiros de viagem, um russo e um americano, estavam sentados?

Pois é. A espaçonave que conduziu os astronautas à ISS era tão pequena que não permitia a eles caminhar por ela. Isso não significa, no entanto, que a tripulação tenha permanecido completamente imóvel: durante a viagem, os astronautas acionaram comandos, fizeram anotações, comunicaram-se com a Terra, alimentaram-se, beberam água… Ficar sentado por tanto tempo no espaço também não é tão desconfortável quanto seria na Terra. “O impacto de ficar sentado por dois dias é minimizado pelo fato de os astronautas estarem expostos à microgravidade, o que significa que o peso corporal é zero, não causando dores musculares e articulares pela permanência em uma só posição corporal”, explica Thais Russomano, médica aeroespacial, coordenadora do Laboratório de Microgravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Dois dias sentado, no entanto, significam dois dias sem ir ao banheiro. Como a bordo da Soyuz TMA-8 os astronautas se alimentaram e beberam água, fica a dúvida: eles não sentiram vontade de fazer xixi ou cocô? Thais explica que os tripulantes de naves espaciais costumam passar por uma lavagem intestinal antes do lançamento, para evitar justamente que tenham vontade de ir ao banheiro. “O uso de fraldas também é comum para evitar acidentes”, conta.

Na Estação Espacial Internacional, no entanto, existe banheiro e os astronautas podem usá-lo à vontade. Ele não é igual aos da Terra: tem adaptações, já que não há força gravitacional no espaço. “Existe, por exemplo, um mecanismo de sucção que está acoplado a um tipo de reservatório. Este mecanismo permite que tudo que é excretado, fezes ou urina, não flutue solto na espaçonave, contaminando o ambiente”, explica Thais.

Assim como o banheiro, a comida que os astronautas têm à sua disposição na ISS apresenta algumas peculiaridades. Os alimentos são como os encontrados na Terra, mas desidratados. Ou seja, para consumi-los, é preciso adicionar um pouco de água e aquecê-los. E, na hora de dormir, nada de cama. “Os astronautas ficam em sacos de dormir que podem ser colocados na vertical ou na horizontal”, conta Thais. “A posição não faz diferença, uma vez que não há força gravitacional.” Em geral, cada tripulante dorme de seis a sete horas por dia. A esses desbravadores do espaço – entre eles, o astronauta brasileiro –, desejamos muitos bons sonhos!

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