Lixo existe por toda parte. Nas grandes cidades, então, nem se fala! O excesso dele, é claro, pode prejudicar o meio ambiente e até facilitar a proliferação de doenças. Porém, nem tudo que vem do lixo é ruim: existem iniciativas que procuram transformar detritos em energia. Quer saber como?
Há mais de 50 anos, o lixo começou a ser usado como fonte de energia pelos alemães. Eles notaram que alguns materiais descartados, ao serem queimados, produziam uma grande quantidade de calor e, a partir disso, era possível gerar eletricidade – aquele mesmo tipo de energia que você usa para acender uma lâmpada ou carregar o celular.
Desde então, diferentes técnicas foram desenvolvidas para aproveitar diversos tipos de detritos. “A composição do lixo é que vai dizer qual é o melhor sistema a ser utilizado”, explica Luciano Basto, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por exemplo, se o que temos acumulado é lixo com alto potencial de gerar calor, como plásticos e papelões, podemos queimá-lo em usinas apropriadas e, assim, gerar eletricidade. Já se o lixo contém mais matéria orgânica, como restos de alimentos e plantas, ele naturalmente se decompõe e, durante a decomposição, libera gases que também podem gerar energia elétrica.
Outra forma de aproveitar esses gases é transformá-los em metano puro, usado para abastecer carros. “Isso pode diminuir em 15% o uso de diesel e 25% o de gasolina no Brasil”, aposta Luciano. Na década de 1980, alguns veículos da empresa de coleta de lixo da cidade do Rio de Janeiro faziam uso desse gás. A iniciativa, no entanto, foi abandonada. “Há uma discussão para retomar esse uso, já que é mais eficiente, barato e limpo extrair gás veicular do lixo do que energia elétrica”, completa o pesquisador.