Já viu carro que tem três rodas em vez de quatro? Com guidon no lugar do volante? E que não precisa abastecer? Então, espie a foto ao lado: esse veículo com pinta de avião nada mais é do que um carro com essas características! Criado no Brasil, ele foi feito para disputar corridas e usa como combustível, acredite, a luz do Sol. Meninos e meninas, é hora de conhecer o Petrobras/USP Solar! E ficar com vontade de dar uma voltinha…
Esse carro de corrida foi desenvolvido na Universidade de São Paulo e também por pesquisadores que não estão ligados a essa instituição, e foi patrocinado pela Petrobras. Em seu teto há o que chamamos de painel solar. Sua função é especial: captar a luz do Sol – ou qualquer outra luz. Para quê? A luz tem energia; no carro solar brasileiro, ela é transformada em energia elétrica, utilizada pelo motor elétrico do carro para fazê-lo se mover.
Mas se você pensa que um carro desse tipo só pode competir com o Sol a pino, está enganado. “O carro solar pode andar até à noite, pois tem baterias para armazenar a energia de que precisa”, conta o pesquisador da USP Vinicius Rodrigues de Moraes, chefe de equipe e de projeto. Aliás, quem quiser dar uma volta com esse veículo pode levar companhia, já que ele foi projetado para transportar duas pessoas sentadas – ao contrário da maioria dos carros solares, que leva apenas uma pessoa deitada. “Fizemos o carro assim porque queríamos que ele ficasse mais próximo da realidade, do que vemos nas ruas”, justifica o engenheiro.
Há algumas diferenças curiosas, porém, entre o carro solar e os automóveis que rodam por aí. Sabia que o acelerador do Petrobras/USP Solar, por exemplo, não é um pedal, mas um botão, parecido com o de rádios antigos, que servia para buscar uma estação? Pois é. O motorista o gira até a posição que considera adequada e o deixa ali. Isso é possível porque a velocidade do carro solar é pouco alterada durante as corridas das quais ele participa. O motor do carro também chama a atenção, já que é elétrico e tem o tamanho de uma bola de basquete, sendo muito menor do que o dos carros comuns. Ah! E câmeras substituem seus espelhos retrovisores em uma corrida!
Por falar nisso… Está curioso para saber como o carro solar brasileiro se sai nas pistas? Bom, em maio deste ano, ele participou da Phaethon 2004, uma corrida de carros solares realizada na Grécia. Houve um dia dedicado à competição dentro de um circuito e um rally de 800 quilômetros de extensão, que passou por lugares como Olímpia, Delphos e Atenas. O carro brasileiro ficou em 14º lugar, de um total de 18 participantes, vindos de países como Estados Unidos, Japão e Austrália.
O ano que vem promete mais emoção: a idéia é construir um novo carro solar para participar da maior corrida do mundo dedicada a esses veículos: o World Solar Challenge (Desafio Solar Mundial). “É a mais famosa e mais difícil corrida de carros solares”, conta Vinicius. “São mais de três mil quilômetros, cruzando a Austrália de Norte a Sul, em um percurso plano e reto, com trechos no deserto e até abaixo do nível do mar. Nosso intuito é fazer o carro solar mais veloz de todos os tempos.” Que os adversários estejam preparados!
No novo projeto que está sendo desenvolvido, saem as duas pessoas sentadas e fica apenas uma deitada. O carro se torna menos largo, alto e comprido. Fica ainda mais leve. E promete voar baixo: o objetivo é que ele tenha velocidade média de mais de 80 quilômetros por hora e alcance picos de 170 quilômetros por hora. Só para dar uma idéia, hoje, a velocidade máxima que um carro solar atinge é de cerca de 160 quilômetros por hora.