Cantar para encantar. Esta é uma das primeiras lições aprendidas pelas pequenas macacas das famílias dos gibões, em que o canto é uma maneira especial de unir machos e fêmeas. Para aprender a emitir os sons típicos de sua espécie, elas têm aulas e mais aulas com uma professora muito especial: sua própria mãe.
Pesquisadores japoneses se embrenharam pela floresta da ilha de Sumatra, na Indonésia, para encontrar os bichos e desvendar essa escola de música da natureza. O estudo acompanhou seis famílias da espécie gibão-ágil ou gibão-de-mãos-pretas (Hylobates agilis), todas com uma filha quase adulta.
Quando as macaquinhas atingem certa idade – próxima de sete anos –, elas abandonam o clã e se unem a um parceiro com quem cantarão o resto da vida. Mas, até esse momento chegar, o treinamento é pesado! Para aprender a cantar bem bonito, mãe e filhas treinam juntas.
Os cientistas notaram que as filhas mais talentosas, aquelas que conseguem cantar mais parecido com a mamãe, cantam com menos frequência que as outras. Além disso, as mamães também mudam bastante seu canto quando estão ensinando as macaquinhas que têm mais dificuldade.
Conhecimentos passados de pai para filho, ou mãe para filha, não são novidades para nós, humanos. Mas é a primeira vez que pesquisadores observam esse tipo de comportamento entre macacos!
“Um bebê humano não pode fazer os sons da fala ou falar sem aprender por meio da interação mamãe-bebê”, explicou Hiroki Hoka, o coordenador da pesquisa. “Mas com os macacos é diferente, eles podem aprender o canto das suas espécies sem a ajuda de suas mães. O que nós conseguimos observar é que a interação pode modificar o canto, como no aprendizado”.