Uma das cenas mais engraçadas do filme Procurando Nemo é aquela em que o peixe Marlin, durante sua viagem pelo oceano em busca do filho, irrita-se com a ajudante Dory, muito esquecida e atrapalhada. Vendo a impaciência do companheiro, ela tenta acalmá-lo, chamando-o de “enfezadinho do oceano” – o que, claro, só vai irritá-lo mais ainda.
Se o título de enfezadinho do oceano é de Marlin, o de esquentadinho, podemos dizer, é do simpático opah ou peixe-cravo (Lampris guttatus). Ele é o primeiro peixe conhecido por ter sangue quente em todo o corpo – alguns têm apenas órgãos (corações, cérebros ou olhos) aquecidos temporaria-mente, como é o caso dos atuns. Com formato arredon-dado e cor prateada, seu tamanho pode chegar ao de um pneu de carro.
A temperatura corporal de um opah é entre 3ºC e 6ºC mais alta do que as águas geladas que habita. A descoberta surpreendeu os cientistas porque, até agora, acreditava-se que os peixes, de um modo geral, tinham sangue frio.
O calor para aquecer o sangue deste peixe curioso vem do movimento rápido de suas barbatanas, o que faz dele um caçador veloz, incansável e de boa visão, ao contrário de outros predadores que vivem na mesma profundidade (cerca de 300 metros), que costumam ser mais lentos e esperar pelas presas. Para os habitantes do Havaí, nos Estados Unidos, o opah é um sinal de boa sorte. Por isso, sempre que um peixe desses é capturado, costuma-se devolvê-lo ao mar – o que, se pararmos para pensar, é uma sorte mesmo…