Estrelas não caem!


Quando morava em São Paulo e acordava cedo, bem de madrugada, lá pelas 5h30, para correr um pouco sem o intuito de competir, eu reparava muitas vezes, quando olhava para o céu, que de repente uma estrela “caía”. E eu, todo contente, na hora fazia um pedido: na maioria das vezes, o meu desejo era ver outro desses objetos.

Aí vinha-me uma pergunta: por que uma estrela cai? O que são as “estrelas cadentes”? Uma estrela que não agüentou seu peso e de repente caiu? Ou será que Deus pegou uma estrela, pois estava sobrando no céu, e a “jogou”? Ou talvez fosse um controle de população de estrelas, para não ficarem muitas por aí atrapalhando as constelações… É só de vez em quando que vemos umas dessas cruzar o céu… Mas será que são mesmo estrelas? E o nosso Sol, será que um dia vai “cair”?

Entre as órbitas de Marte e Júpiter, existem milhares de rochas de diverso tamanhos — desde alguns centímetros a quilômetros de extensão. Essas rochas fazem parte do Cinturão de Asteróides. De vez em quando, algumas delas colidem entre si e seus pedaços são arremessados em direção à Terra. Ou então alguma força gravitacional, provavelmente de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, empurra uma dessas rochas em direção ao nosso planeta!

Além disso, quando um cometa passa pela Terra, ao se aproximar do Sol, ele começa a perder parte do seu núcleo. Devido ao intenso calor dessas erupções que acontecem em seu núcleo por causa do Sol, os cometas ejetam parte de seu material e deixam para trás um “tapete” extenso de pequenas pedras. Quando a Terra cruza esse “tapete”, vemos as chamadas chuvas de meteoros.

Quando essas pedras entram em contato com a nossa atmosfera, sua massa é queimada devido a sua alta velocidade de queda — 71 quilômetros por segundo. Causado pelo atrito das moléculas que constituem a camada de ar que envolve nosso planeta, esse processo é chamado pelos astrônomos de ablação. E nós, aqui embaixo, vemos aquela “estrela” caindo. Portanto, uma “estrela cadente” nada mais é do que um pedaço de pedra, às vezes do tamanho de um grão de arroz.

Um meteoro é uma “estrela cadente” e, quando este é encontrado na Terra, recebe o nome de meteorito. Algumas dessas rochas são bem grandes: o maior meteorito já visto no Brasil foi o Bendegó: descoberto na Bahia em 1784, ele pesava 5360 kg!

Entendeu por que as estrelas cadentes não são estrelas? Por isso, quando virmos uma “estrela cadente” riscar o céu, mostrando toda a sua beleza, acho bom desejarmos que uma outra dessas “caia” novamente!

O autor do artigo acima é membro do Centro de Estudos do Universo (CEU), iniciativa dedicada à divulgação e ao ensino da astronomia, e editor do Boletim Centaurus, que traz textos de divulgação escritos pela equipe de professores do CEU e convidados.

Criado no ano 2000 na cidade de Brotas (SP), o CEU tem uma área de 4000 metros quadrados com infra-estrutura para receber grupos escolares e o público em geral. O centro dispõe de um observatório com um grande telescópio, uma laje de observação com telescópios menores, um planetário com três tipos de sessões (uma especialmente para crianças), um teatro de arena para apresentações ao ar livre, um anfiteatro para apresentações multimídia e uma base de lançamento de mini-foguetes.