Extra! Extra!

Acalme-se! Você não corre o risco de encontrá-lo por aí. Estamos falando de um dinossauro que viveu em nosso país há cerca de 95 milhões de anos. Oxalaia quilombensis é a 18ª espécie descoberta em nossas terras. Em termos de tamanho, o gigante brasileiro pode até ser comparado ao tiranossauro rex.

Com mais de 12 metros de altura e peso estimado entre cinco e sete toneladas, o animal é um dos maiores dinossauros já descobertos no mundo e é o campeão peso pesado na categoria comedores de carne do Brasil. Por falar em comida, de que, exatamente, essa espécie se alimentava?

“Esse dinossauro pertence a um grupo conhecido como espinossaurídeos. Até alguns anos atrás, acreditava-se que eles se alimentavam apenas de peixes. Mas, um dia, pesquisadores encontraram um dente de espinossaurídeo preso a uma vértebra de pescoço de pterossauro (réptil voador). Agora, sabemos que, além de peixes, esses animais também se alimentavam de outros répteis”, explica a paleontóloga Elaine Machado, do Museu Nacional/UFRJ.

Por ser um predador, Oxalaia quilombensis caçava sozinho, e não andava em bandos como os pequenos dinossauros, ou os herbívoros. Outra curiosidade sobre o bicho é que ele trocava de dentes com muita freqüência. Isso ficou evidenciado porque os pesquisadores encontraram dois dentes de substituição já prontos para tomar o lugar de um outro caso fosse quebrado ou perdido.

O nome Oxalaia foi escolhido em homenagem a Oxalá, o deus mais respeitado na religião africana. Já quilombensis vem da expressão quilombo, lugar onde viviam os descendentes dos primeiros escravos brasileiros, como é o caso da ilha do Cajual, no estado do Maranhão, onde o novo dinossauro foi coletado.

Mas a ligação desse dinossauro com a África vai além da escolha do nome. A descoberta de animais da espécie dos espinosaurídeos é mais comum no continente africano.  Os fósseis de um deles foram encontrados no Brasil por que há milhões de anos, os continentes não eram divididos, como conhecemos hoje. Havia uma única porção de terra, que se separou ao longo do tempo. Foi por causa dessa divisão que os ancestrais do Oxalaia quilombensis vieram parar aqui.

Estudando a pré-história
Ok. Mas como se faz para encontrar um dinossauro? Na verdade, depois de ficar milhões de anos debaixo de terra e rochas, não dá para dizer que o animal estará limpinho e sorridente esperando pelos pesquisadores. O que eles encontram são restos de animais que viveram há muitos anos e que, com o passar do tempo, se tornam muito duros, como rochas. Quando descobrem os fósseis, os paleontólogos reconstituem o animal e conseguem ter uma boa idéia de como eram e como viviam os dinos da espécie.

Oxalaia quilombensis (ilustração: Maurílio Oliveira)

Além disso, de acordo com Elaine, é preciso muito esforço e dedicação, pois a pesquisa inclui várias etapas: “Se contarmos desde a etapa de encontrar, coletar os fósseis, posteriormente a etapa de preparação (remover os ossos da rocha), estudar os fósseis encontrados, e finalmente descrever, vemos que além de ser trabalhosa, a pesquisa pode demorar, e muito, dependendo do material encontrado”, explica Elaine.

Não é incrível imaginar que criaturas enormes viviam no nosso país há milhares de anos?!  Se você quiser, pode ver os fósseis do Oxalaia quilombensis e a réplica de outros dinossauros encontrados no Brasil. A exposição está no Museu Nacional/UFRJ. Bom passeio!

Serviço
Museu Nacional / UFRJ
Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ
Horário de visitação: 10h às 16h
(21) 2562-6900
http://www.museunacional.ufrj.br/

Quer saber mais sobre paleontologia? Clique aqui.