Sua aparência engana: apesar de lembrarem ursos de pelúcia, os coalas são parentes dos cangurus, gambás e outros animais conhecidos como marsupiais. Encontrados na Austrália, esses mamíferos passam o dia inteiro deitados em árvores, comendo folhas e dormindo. Que vida boa, não é? Mas acho que foi a graciosidade desses animais que levou a leitora Gabriela Pigossi a pedir à CHC que contasse mais sobre eles.
Atualmente, existe apenas uma espécie de coalas, chamada pelos cientistas de Phascolarctus cinereus. Escondidos entre florestas de eucalipto, uma árvore típica da Austrália, os bichos passam boa parte do seu dia se alimentando. “São especialistas em comer folhas de eucalipto e se alimentam principalmente de 20 espécies dessa planta espalhadas pela região onde vivem”, conta a bióloga Maria Clara Nascimento-Costa, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Como o eucalipto é rico em fibras e água, os coalas quase não sentem sede – a água das folhas é suficiente para se manterem hidratados. Essa característica deu origem ao seu nome: “Coala significa ‘animal que não bebe’, na língua de povos indígenas da região”, diz Maria Clara.
Agora, tampe o nariz. Outro alimento importante para os coalas é… cocô! Isso mesmo. Maria Clara explica que a água e as bactérias que estão nas fezes da mãe ajudam os filhotes a digerirem as folhas de eucalipto. Assim, à medida que o filhote deixa de beber leite, a mãe o alimenta com esse banquete bem peculiar, que o prepara para a dieta de folhas.
Além de comilões, os coalas são também muito preguiçosos. “Chegam a dormir quase 20 horas por dia”, afirma a bióloga. Mas pelo menos têm uma boa desculpa: como sua dieta é pouco nutritiva, precisam economizar energia. Por isso, dormem a maior parte do dia e são ativos por poucas horas durante a noite, quando se deslocam para mudar de árvore.
Como bons preguiçosos, os coalas evitam os confrontos e normalmente andam sozinhos. As brigas só ocorrem quando vão disputar um lugarzinho na árvore, mas são bem brandas. “Eles se comunicam por gestos e com grunhidos. Quando brigam, mordem de leve um ao outro”, conta Maria Clara.
As fêmeas de coalas têm poucos filhotes por gestação. “Cada fêmea costuma ter só um filhote, raramente dois”, diz a especialista. Quando completa nove meses, o pequeno coala deixa a bolsa da mãe, mas continua agarrado às suas costas. Com um ano, torna-se mais independente. “Eles vivem entre 10 e 14 anos, mas há registros de coalas com 18 anos na natureza”, completa a bióloga.
Os coalas possuem poucos predadores naturais – alguns exemplos são os dingos (cães selvagens australianos), cobras e aves de rapina. No entanto, os humanos já tiveram muito interesse neles. Até o início do século 20, esses bichos eram caçados por sua pele macia e quase foram extintos. Hoje, apesar de mais protegidos, os coalas são afetados pelo desmatamento das florestas de eucalipto, que ameaça o seu hábitat.