Ele vive na beira da praia, enterrado na areia, ali onde quebram as ondas. Com o vai e vem das águas, por vezes aparece na superfície. Mas, se isso acontece, não perde tempo: rapidamente cava um buraco e se esconde areia adentro. Seu nome: tatuí ou tatuíra. Conhece esse bichinho? Ele foi batizado assim pelos índios, que o achavam parecido com um pequeno tatu.
“Os tatuís são encontrados nessa parte da praia porque são animais filtradores: isto é, que retiram o seu alimento da água. Eles contam com uma antena longa, repleta de cerdas, que retira algas e animais microscópicos da água, levando-os até a boca”, conta a bióloga Tereza Calado, do Laboratório de Ciências do Mar, da Universidade Federal de Alagoas.
Uma especialista em tatuís, a pesquisadora conta que, no Brasil, esses animais se dividem em duas espécies: a Emerita brasiliensis, presente no sudeste e no sul do país, e a Emerita portoricensis, encontrada na região nordeste. As duas têm diferenças, mas só os especialistas conseguem notá-las. Para quem não é biólogo, ambas parecem idênticas.
Delicioso!
Aliás, você sabia que os tatuís são crustáceos? Eles são definidos assim porque têm dois pares de antenas, uma característica que só os crustáceos têm. Outra curiosidade: como outros crustáceos mais famosos – camarões e lagostas, por exemplo -, os tatuís também são comestíveis. “Pessoas já me contaram que preparam omelete, ensopado e até risoto com eles”, conta Tereza, que há anos estuda esses bichinhos. “Eu nunca comi, mas dizem que eles são crocantes.”
Aves como o maçarico e a gaivota é que poderiam dar uma opinião a respeito. Sabe por quê? Esses são os principais predadores dos tatuís. Eles voam até a praia e ficam catando esses crustáceos na areia com o bico. Em geral, conseguem capturar filhotes, pois não é fácil agarrar um tatuí. Pudera! Esses animais apresentam patas em forma de foice, ideais para cavar na areia.
Batendo em retirada
Viu como são curiosos esses crustáceos? Então, passe adiante o que você acaba de descobrir sobre eles. Ah! E se alguém comentar que, no passado, existiam mais tatuís do que hoje… Saiba que não há um estudo que comprove que o número desses animais está diminuindo, embora existam alguns fatores que possam, sim, afastar esse crustáceo de determinada praia, como poluição, carros passando, muita gente na areia… Afinal, imagine o que é ter um monte de gente pisando sobre a sua casa: a areia! Por conta disso, a dica para encontrar muitos tatuís é ir a uma praia deserta. Lá, se houver bastante alimento e não existir predadores, esses animais podem até ultrapassar os cinco centímetros de comprimento. Já imaginou encontrar um tatuí grande assim?!