História revisitada

Tudo o que precisávamos saber sobre o Brasil imperial já foi estudado e faz parte dos livros de história. Certo? Errado. Uma pesquisa divulgada em fevereiro mostra que ainda há muito a descobrir sobre o passado do país. Os corpos de Dom Pedro I e suas esposas, Dona Leopoldina e Dona Amélia, foram retirados de seu túmulo e passaram pela análise de uma equipe de cientistas formada por médicos, físicos, arqueólogos e historiadores. Vamos ver o que eles descobriram…

D. Pedro I, no centro, e suas suas esposas: D. Leopoldina, à esquerda, e D. Amélia, à direita (Imagens: Wikimedia Commons)

A exumação dos cadáveres – ou seja, abertura dos caixões – aconteceu no início de 2012. Os corpos foram retirados da cripta do Monumento à Independência, no Ipiranga, e levados a um hospital. O transporte foi feito durante a madrugada, pois os carros precisavam ir muito devagar para não correr o risco de danificar os restos mortais.

Os exames, como radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, foram realizados em segredo pelos especialistas, liderados pela arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, da Universidade de São Paulo. Todo o processo foi feito com muito cuidado, para evitar a danificação do material.

No caixão de D. Pedro I foram encontrados vários símbolos de Portugal, como os brasões. O primeiro imperador brasileiro foi enterrado como um general português, com poucas referências sobre sua atuação no Brasil. Valdirene acredita que isso possa estar relacionado ao fato de ele ter renunciado ao trono em favor de seu filho, D. Pedro II. Outra descoberta foi que o imperador tinha fraturas em quatro costelas, fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou aos 36 anos de idade.

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Ao analisar fios de ouro preservados sobre os corpos, os especialistas descobriram que D. Leopoldina foi enterrada com o mesmo vestido usado em sua coroação. Além disso, eles viram que os brincos da imperatriz eram de ouro e resina.

Lendas sobre a morte de D. Leopoldina também foram desmentidas. Antes, havia o boato de que ela teria morrido por causa de uma fratura no fêmur durante uma briga com D. Pedro I – dizem as más línguas que o imperador empurrou a esposa da escada. Porém, ao abrirem a urna funerária, os cientistas viram que não havia fraturas em nenhum dos ossos da perna da imperatriz.

O corpo de D. Amélia, segunda esposa de D. Pedro I, foi um dos mais impressionantes. A imperatriz foi mumificada, preservando cabelos, cílios e unhas – uma cena impressionante. “D. Amélia pediu em seu testamento um funeral simples. No entanto, o testamento só foi aberto depois do velório. Na época, era costume o velório durar três dias e era preciso preparar o corpo, o que o manteve preservado”, explica Valdirene.

Outro fator que contribuiu para a preservação do corpo foi que o caixão estava muito bem fechado, impedindo a entrada de microrganismos que pudessem auxiliar na decomposição do corpo.